Joaquim Alessi
Quem conhece um pouco de gastronomia sabe perfeitamente bem que dobradinha é um prato típico português.
Mais propriamente, acima de tudo, do norte de Portugal, famoso até nos poemas de Fernando Pessoa (Dobrada à moda de Porto).
Mas, no cardápio político, tem sido vista na 30ª Festa Italiana de São Caetano.
E foi até curtida pelo vereador Tite Campanella, pré-candidato forte a prefeito.
A foto da reportagem foi publicada pelo Prof. Dr. Leandro Prearo, Magnífico Reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).
Ele aparece ao lado da secretária da Saúde, Dra. Regina Maura Zetone Grespan. E os dois são pré-candidatíssimos a prefeito.
Além disso, se tem alguém em São Caetano com raiz na combinação luso-italiana, esse alguém o prefeito Auricchio. E sabe muito bem dessa mistura.
Por enquanto, apenas ilações de um observador, mas a poesia em Pessoa revela mais, mostra “que a dobrada nunca se come fria”.
Em conclusão, resta-nos a delícia da poesia de Fernando, o Pessoa.
DOBRADA À MODA DO PORTO
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo…
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.