Comemorado em 21 de janeiro, data homenageia Iyalorixá Mãe Gilda, vítima de intolerância religiosa no final de 1999, e reverencia Dia Mundial da Religião
Celebrado em 21 de janeiro, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é, acima de tudo, uma data cheia de significados, valorizada em Diadema.
Além de homenagear Iyalorixá Mãe Gilda, vítima de intolerância religiosa no final de 1999 – e morreu em decorrência da situação de violência -, também faz referência ao Dia Mundial da Religião, instituído por lei federal em 2007.
Em Diadema, além de vários eventos que celebram diferentes religiões, muitos deles também garantidos por leis, o Conselho Municipal de Igualdade Racial é um grande exemplo de convivência pacífica e harmoniosa entre pessoas de diferentes religiões.
Funcionária pública aposentada, Jaci Eloa Alves é católica e já viu casos de intolerância religiosa com membros de sua própria família.
Na sua avaliação, ter uma data que sirva de reflexão contra esse tipo de violência é de extrema importância.
“Somos um País laico, com culturas e crenças diferentes. Cada um tem sua fé, e já que por livre escolha algumas pessoas não respeitam, diante da lei têm que respeitar”, afirma, por exemplo.
Muçulmana
Charlene Silva Balogun é produtora cultural e muçulmana.
Ela mesma já foi vítima de intolerância religiosa, como a maioria das mulheres que seguem a mesma religião e que ela conhece.
“Devido ao uso do hijabe (veu muçulmano) e das roupas que eu uso, as pessoas veem logo qual é a minha religião e já passei por ofensas, jogaram pedras em mim”, relembrou. “É importante ter uma lei que contribui para o estado laico e preservar os direitos fundamentais das pessoas, independente da sua crença religiosa”, diz, da mesma forma.
Também integrante do Conselho, Émerson Felix da Silva é músico e produtor cultural.
Dentinho de Oxóssi, como é conhecido, é candomblecista e também já foi vítima de intolerância religiosa no seu ambiente de trabalho.
“A lei é um instrumento importante que fomenta esse respeito que se deve ter dentro de uma sociedade mais igualitária, uma sociedade realmente laica, um Estado laico de direito, onde cada um possa realmente professar a sua fé, sua religião”, completa, em suma.
“Especialmente as religiões de matriz africana que ainda são muito demonizadas e perseguidas”, diz, em conclusão.
Evangélica
A funcionária pública Adriana dos Santos Oliveira é evangélica há 29 anos.
Apesar de nunca ter vivido ou presenciado um ato de intolerância religiosa, avalia como muito importante iniciativas como a lei.
O diploma legal instituiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e sirvam para incentivar o respeito entre todas as pessoas.
“Somos livres e é preciso respeitar as escolhas de todo mundo. Mesmo se não houver concordância, o respeito deve prevalecer”, afirma, por exemplo.
Em Diadema, a Lei Municipal 3.309/2013 também instituiu a data no calendário oficial do município.
A cidade, além disso, conta com a Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR).
Ela inclui no seu escopo de atuação o combate a todas as discriminações, inclusive as de caráter religioso.
“Promover o diálogo entre as pessoas, independente de suas crenças, é um importante instrumento para a cultura de paz”, afirma, em conclusão, a coordenadora da Creppir, Marcia Damaceno.