O Brasil é o País onde mais ocorrem assassinatos de pessoas trans no mundo, sendo a maioria das vítimas composta por mulheres trans e travestis. O País também é o maior consumidor de conteúdo pornográfico com a temática trans do mundo, o que explicita a relação desrespeitosa que se estabeleceu na sociedade com pessoas que, apenas por não se enquadrarem no que é a norma, são perseguidas. Essa perseguição faz com que a expectativa de vida de uma pessoa trans seja de 35 anos. A média cai para 28 anos se a pessoa for preta.
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) produz há seis anos um dossiê que registra esses assassinatos. No último dia 26 de janeiro, pela primeira vez, o documento foi apresentado à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e ao ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida. Envolver o poder público no combate à violência contra pessoas trans é a única forma de conseguirmos uma real mudança nesse cenário. Desde 2017, foram 912 registros, mas especialistas afirmam que a subnotificação é grande.
É preciso educação, primeiro para acabar com a histeria que se formou em torno do termo “ideologia de gênero”, que nunca existiu de verdade. Se existisse, a ideologia seria a cisheteronormativa, já que são apenas as pessoas que se encontram fora dessa “norma” que são perseguidas e excluídas. Ninguém é morto apenas por ser cisgênero. Ninguém é agredido apenas por ser hétero.
Também há necessidade de abordar, com toda a sociedade, inclusive e principalmente dentro das escolas, temas como respeito à identidade e à expressão de gênero, à orientação sexual, às diferenças, que são o que fazem de cada ser humano um universo único. Aqui em Diadema, por meio da Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades, criada em 2021, temos empenhado todos os esforços possíveis para mudar essa realidade.
Como parte do governo do prefeito José de Filippi Junior e em articulação com outras Secretarias, a Coordenadoria já realizou e apoiou importantes projetos, como webdocumentário, “Vidas Trans Importam”; campanha de retificação de nome e sexo; formação profissional para pessoas trans serem inseridas no mercado de trabalho; a criação do Ambulatório DiaTrans, que atende com equipe multidisciplinar pessoas trans e travestis; um Grupo de Trabalho Intersecretarial para debater dentro da administração medidas que combatam a LGBTQIfobia; a cartilha de orientação para retificação de documentos, entre outros.
Uma série de iniciativas que nos orgulham de dizer que, na nossa cidade, pessoas trans e travestis têm visibilidade e direitos em todos os dias do ano.