Seja na educação infantil, fundamental ou ensino médio, os alunos não são mais os mesmos
Após quase dois anos de aulas à distância, os estudantes finalmente retomaram sua rotina escolar presencial. A mudança pode ser um alívio para alguns alunos e professores, mas o isolamento social também deixou sequelas emocionais, comportamentais e educacionais, que hoje são sentidas na pele pelos professores.
O Dia do Pedagogo, comemorado no próximo dia 20, reacende um alerta sobre a importância dessa profissão que tanto se adaptou durante e pós-pandemia.
“Lembro que quando soube que ficaria responsável pela fase de alfabetização dos pequenos, a primeira coisa que pensei foi como eu ia ensinar alunos dessa idade pelo computador?”, relembra Vanicleide Barbosa dos Santos, professora do Colégio Adventista de Santo André. O início da pandemia e a adaptação ao online marcou a vida de muitos professores. As aulas tiveram que ser completamente reinventadas e o apoio dos pais foi indispensável.
Com a volta às aulas presenciais, Vanicleide conta que as dificuldades agora são outras. Com uma turma de alunos de até 5 anos, muitos ainda não conhecem a realidade da escola e exigem uma atenção ainda maior. Essa adaptação rendeu mudanças até mesmo no formato das aulas que precisaram ficar mais atrativas e tecnológicas para chamar a atenção dos alunos. “Hoje, precisamos apostar em aplicativos e atividades que estejam ligados a realidade que eles conheceram durante a pandemia. Tudo isso, unindo o conteúdo regular com ‘review’ dos anos anteriores” comenta a professora. Essa foi apenas uma das novas estratégias que surgiu após o período de isolamento.
Para os alunos do ensino fundamental as adversidades são outras. Além da adaptação de voltar à rotina escolar, muitos ainda enfrentam dificuldades em se reconectar com os amigos e voltar às interações sociais. “Cada um chega com uma bagagem de sentimentos que foi construída durante o período em casa. Relações com a família, perdas e frustrações que hoje refletem nas relações e ensino” comenta a professora Katia de Assis, do Colégio Adventista da Praia Grande, no litoral de São Paulo. Atualmente, a pedagoga está à frente de uma turma com idade entre 10 e 11 anos.
Essas atribuições socioemocionais ficam cada vez mais visíveis em comportamentos e dificuldades de aprendizagem, exigindo uma maior adaptação dos professores que são a janela dos alunos. “Quando observamos a recorrência de certos comportamentos, entendemos que para esse retorno efetivo às aulas foi preciso desenvolver atividades diferenciadas que avaliaram esses sentimentos. Dessa forma, elaboramos programas e ações que até agora ajudam os alunos a entender o que sentem” comenta Marizane Piergentille, diretora de educação das unidades do ABCDM e Litoral da Rede Adventista de Educação.
Para atender esse novo cenário, por toda a Rede Adventista foram implantados projetos envolvendo professores, alunos e pais com o objetivo de auxiliar nessa nova adaptação escolar. Constantemente os estudantes recebem apoio psicológico e participam das ações de autoconhecimento, autonomia, música e culturas gerais. “Todos são convidados a falar sobre o que sentem e a dar nome a tudo isso”, comenta Piergentille.
As iniciativas da rede também incluem o apoio dos pais que acompanham de perto por meio da “Escola de Pais”. “Costumo brincar que os pais não são professores e os professores não são pais. Ambos são de extrema necessidade na vida de cada aluno e devem caminhar juntos nessa jornada”, complementa professora Kátia.
“A comunicação ativa entre família e colégio é a chave principal para ajudar os estudantes a encararem este momento. O acolhimento é fundamental para que os alunos de todas as idades se sintam seguros no processo de aprendizagem”, finaliza Marizane.