Coordenadoria de Igualdade Racial de Diadema celebra Carolina de Jesus, Abdias Nascimento e Marielle Franco

In ABCD, Canto do Joca On
Fotos: Montagem sobre fotos de Audálio Dantas, Arquivo do Senado Federal e Mário Vasconcellos, Acervo UH/Fotopress, Celio Nascimento e Dayane Pires
Três importantes nomes da luta antirracista cujas vidas se cruzam neste 14 de março, data de nascimento de Carolina e Abdias e data do assassinato de Marielle  
O 14 de março é um dia que de alguma forma conecta três importantes nomes da luta antirracista no Brasil: Carolina Maria de Jesus, Abdias Nascimento e Marielle Franco.
Se para os dois primeiros a data seria a de celebração do nascimento, para Marielle foi o dia do seu trágico assassinato, que vitimou também o motorista Anderson Gomes.
Cinco anos depois do crime, ainda não foi identificado quem mandou matar a vereadora do Rio de Janeiro.
A Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Creppir) de Diadema celebra o legado de luta que essas pessoas deixaram para a sociedade brasileira.

Exaltação

A coordenadora do Creppir, Marcia Damaceno, ressalta que é de suma importância reconhecer a exaltar a memória e o legado dessas pessoas, três ícones de representatividade negra no Brasil.
“Na literatura, nas artes, na política, cada um deles deu contribuições muito importantes para a luta antirracista, para defender os direitos da população negra, e a gente deve todos os dias lembrar o caminho que foi traçado e o que ainda temos que percorrer para uma sociedade justa”, diz, em resumo.

Carolina Maria de Jesus

LOCAL DESCONHECIDO, 05.06.1960: Literatura: a escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de Desejo”. (Foto: Acervo UH/Folhapress)
Nascida em 14 de março de 1914, Carolina Maria de Jesus é autora de oito obras, quatro delas publicadas após a sua morte.
Quarto de Despejo é seu livro mais famoso, publicado em 1960 e já traduzido para 16 idiomas em 46 países.
O livro, escrito por uma mulher negra, pobre, favelada, reúne vários diários que Carolina fez ao longo da vida, escrevendo em papéis que separava do lixo. Uma denúncia forte, real e visceral sobre o racismo e a desigualdade da sociedade.
“Foi pela insistência das lutas do movimento social negro, que resultou também na implementação das políticas de promoção da igualdade racial, que o nome e a obra de Carolina de Jesus estão sendo reconhecidos e indicados para área da educação como parte de leitura nacional para os estudantes brasileiros”, explicou Marcia.
“É desta forma que os estudantes brasileiros terão consciência crítica e participação cidadã, já que a principal mensagem da obra de Carolina de Jesus é sobre a não perpetuação do racismo estrutural, de não ser uma coisa socialmente aceita que a população preta e periférica continue vivendo em situação de pobreza e vulnerabilidade”, destacou a coordenadora.

Adias do Nascimento

 

Foto: Célio Azevedo
Sexta-feira, 13 de maio de 2005
Subcomissão da Igualdade Racial
Na mesa:
Abdias do Nascimento, Ex-Senador da República
Pauta: audiência pública com a finalidade de discutir formas de eliminação do preconceito racial e discriminação, com a participação de políticos, artistas, esportistas e ativistas do movimento negro, o jogador Edinaldo Batista Libanio (Grafite) receberá Moção de Solidariedade e Apoio.
Local: Plenário do Senado.Abdias do Nascimento é outra figura importante na luta antirracista que aniversaria neste 14 de março. Nascido também em 1914, foi ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos. Foi deputado federal de 1983 a 1986 e senador da República de 1991 a 1992 e de 1997 a 1999. Neto de duas mulheres que foram escravizadas nos tempos do Brasil Império, Abdias sempre criticou o processo de abolição feito no país, que deu liberdade aos escravizados sem garantir condições mínimas de sobrevivência.

“Uma das diversas falas do Abdias foi no sentido de conscientizar as pessoas em relação à verdadeira história da formação da sociedade brasileira”, citou Marcia. “Ele sempre explicou que os primeiros africanos e africanas que vieram forçadamente para o Brasil em nenhum momento aceitaram a situação de serem escravizados”, pontuou. “Ao contrário, a nossa história é marcada pela resistência ao escravismo, por lutas e organização para construção de outra forma de convivência entre quilombolas, indígenas, negros e brancos pobres”, concluiu a coordenadora.

Marcia pondera que se atualmente existe a Política de Promoção da Igualdade Racial, essa construção se deve à insistência e à luta de pessoas como Abdias. “Quando esteve no Congresso, ele apresentou projetos para que o Estado Brasileiro desenvolvesse políticas de reparação para compensar a discriminação historicamente sofrida pelos descendentes de africanos neste País”, detalhou.

Marielle Franco

A morte brutal de Marielle Franco ocorreu em 14 de maio de 2018. Mulher negra, bissexual, socióloga, a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro na eleição de 2016, Marielle acumulou experiência atuando pela conscientização da população periférica da cidade, especialmente os mais jovens, sobre as situações de injustiça, violência e sobre o genocídio vivenciada pela juventude preta, denunciado o racismo institucional praticado pelas instituições.

“Por conta da sua militância e do seu ativismo, especialmente contra as milícias que dominam as comunidades do Rio de Janeiro, Marielle foi assassinada de maneira brutal, em um crime que até hoje, cinco anos depois, ainda não foi solucionado”, declarou Marcia. “Hoje, um dos principais motes dos movimentos negros organizados é cobrar justiça por Marielle e Anderson, além de manter viva a memória de todas as pessoas que lutaram e deram sua vida pelo fim do racismo e da desigualdade no Brasil”, disse, em conclusão.

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