Dra. Elaine Dias JK, PhD em endocrinologia pela USP e metabologista, explica como o álcool atua no organismo e orienta como minimizar os efeitos negativos e acelerar a recuperação.
Beber além da conta pode parecer inofensivo no momento da diversão, mas os efeitos do álcool no organismo vão muito além da ressaca do dia seguinte. De acordo com a Dra. Elaine Dias JK, metabologista e PhD em endocrinologia pela USP, o corpo prioriza a eliminação dessa substância tóxica, desencadeando reações que comprometem o fígado, desidratam o organismo e reduzem a absorção de nutrientes essenciais. Com o passar dos anos, esses impactos se tornam ainda mais intensos, tornando a recuperação mais difícil.
“O álcool é metabolizado no fígado em duas etapas, mas quando consumido em excesso, o organismo não consegue eliminá-lo rapidamente. Isso leva ao acúmulo de acetaldeído, um composto tóxico que causa fadiga, dor de cabeça e náuseas”, explica a Dra. Elaine Dias.
A médica comenta que uma das principais razões para o mal-estar pós-bebedeira é a desidratação. O álcool tem efeito diurético porque inibe a liberação do hormônio antidiurético (ADH), que regula a retenção de líquidos pelos rins. Sem essa regulação, a produção de urina aumenta, e o corpo perde água e eletrólitos essenciais, como sódio e potássio. “A desidratação é um dos maiores responsáveis pelo cansaço, tontura e dor de cabeça no dia seguinte. Por isso, a reposição de líquidos e minerais é essencial para a recuperação”, alerta a metabologista.
Bebeu e está de ressaca? Saiba como aliviar os sintomas
Após um dia ou uma noite de exageros, algumas estratégias podem ajudar na recuperação, segundo a metabologista. Ela recomenda:
-Hidrate-se com água, isotônicos ou água de coco para repor líquidos e eletrólitos.
-Consuma alimentos ricos em vitamina B6, tais como banana, abacate e frango, para reduzir a náusea.
-Opte por carboidratos complexos, como pão integral e aveia, para estabilizar a glicemia.
-Invista em alimentos ricos em cisteína, como ovos, alho e cebola, que ajudam a eliminar toxinas.
“O mais importante, mesmo, é prevenir. Beber água entre os drinks e evitar o consumo em excesso são atitudes simples que fazem toda a diferença”, enfatiza a Dra. Elaine.
Ela complementa ainda que, a partir dos 30-40 anos, os sintomas de ressaca pioram, porque o metabolismo hepático começa a desacelerar, dificultando a eliminação do álcool. Além disso, há redução da massa muscular e do volume de água corporal, o que aumenta a concentração de álcool no sangue e intensifica seus efeitos adversos. “Com o passar dos anos, o organismo se torna menos eficiente na metabolização do álcool, o que faz com que a chamada ressaca dure mais tempo e seja mais intensa”, explica a Dra. Elaine.
Já a partir dos 50-60 anos, os efeitos tendem a ser mais pronunciados. A menor eficiência do fígado, combinada com mudanças hormonais, pode predispor o corpo à hipoglicemia e a distúrbios do sono após o consumo de álcool. “Isso explica por que muitas pessoas percebem que, conforme envelhecem, uma pequena quantidade de bebida já é suficiente para gerar um grande desconforto no dia seguinte”, justifica a médica.
Embora a bebida alcoólica faça parte da vida social de muitas pessoas, seus impactos no organismo são inegáveis, e se intensificam com o tempo. Moderação, hidratação e alimentação adequada são as chaves para minimizar os danos e evitar desconfortos desnecessários. “A melhor estratégia sempre será o consumo consciente. Saber os efeitos do álcool no corpo e respeitar seus limites é essencial para manter o equilíbrio e a saúde”, finaliza a Dra. Elaine Dias.
Entenda o que acontece no metabolismo e quais nutrientes são afetados
Segundo a Dra. Elaine, o álcool interfere diretamente na metabolização de nutrientes, prejudicando a absorção de vitaminas e minerais essenciais para o funcionamento do organismo. Entre os mais afetados, estão:
–Vitaminas do complexo B (B1, B6 e B12): fundamentais para a função neurológica e produção de energia.
–Magnésio: sua deficiência pode causar cãibras musculares e fadiga.
-Sódio e potássio: sua perda provoca fraqueza e tontura.
Além disso, o consumo frequente de álcool pode levar à esteatose hepática (gordura no fígado) e ao aumento dos triglicerídeos, elevando o risco de doenças cardiovasculares. “O álcool altera o metabolismo dos ácidos graxos, fazendo com que o fígado acumule gordura. A longo prazo, isso pode evoluir para problemas mais graves, como inflamação hepática e resistência à insulina”, destaca a Dra. Elaine.
Instagram: @draelainedias e @draelainediasjk.