Águas de Iemanjá volta a mobilizar Diadema após dois anos

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Fotos: Dino Santos/PMD

Atividade que ficou suspensa por causa da pandemia reuniu 150 pessoas no Centro Cultural Diadema

Diadema recebeu neste domingo (05.02), no Centro Cultural Diadema, a 15ª edição do “Águas de Iemanjá Odôya-Éruyá – Mãe do Rio no Encontro das Águas”.

O evento, que faz parte do calendário oficial da cidade, reuniu aproximadamente 150 pessoas, celebra a Orixá cultuada nas religiões de matriz africana, a resistência política e cultural dos povos que chegaram ao Brasil com a escravização, e não era realizado havia dois anos, em virtude da pandemia do Covid-19.

A celebração da Orixá é realizada pelo MAP (Museu de Arte Popular) de Diadema, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura, a CREPPIR (Coordenadoria Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e a Fucabrad (Federação de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros de Diadema), com o apoio da Prefeitura de Diadema.

No Candomblé, o dia consagrado à Iemanjá é 2 de fevereiro. Na Umbanda, é dia 8 de dezembro.

No sincretismo religioso, resultado do período em que os cultos aos Orixás era feito de forma escondida, Iemanjá corresponde à Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade, à Virgem Maria e Nossa Senhora da Conceição, dependendo da região. Nossa Senhora da Conceição é a padroeira de Diadema.

O Águas de Iemanjá contou com ações culturais/religiosas ao longo de todo o dia.

O evento foi aberto com a apresentação musical do grupo “Tambor de Dona Teca”. Depois houve a abertura da exposição “Tributo à Iemanjá e aos Orixás”, com obras de artistas como Ricardo Amadasi, Geni Santos e Mayra Santos, no MAP e no Espaço Cândido Portinari (a exposição irá até 24 de março). Na sequência houve a apresentação da Roda de Iemanjá, na entrada do Centro Cultural Diadema.

As atividades festivas foram encerradas com o show musical de Vanessa Reis e Batuques de Lá de Casa.

O Águas terá mais uma atividade complementar no Centro Cultural Diadema.

Em 15 de março, às 15h, haverá a contação de História “Iemanjá, Rainha do Mar”, baseado na obra de Reginaldo Prandi, apresentada por Angélica Taize, Bianca Vyunas e Kakau ngela.

Catálogo

A coordenadora da CREPPIR, Marcia Damaceno, afirmou que Diadema tem diversas celebrações religiosas no seu calendário oficial e que isso reforça a cultura de paz no município.

“Diadema é uma mãe afetuosa, que acolhe a todos, assim como Nossa Senhora da Conceição, assim como Iemanjá, e é isso que esses eventos reforçam, que todos têm o seu espaço de culto e celebração”, concluiu.

E para comemorar os 15 anos da celebração do Águas está previsto pela CREPPIR o lançamento de um catálogo este ano que vai mostrar, por meio de fotos e textos, como foi desenvolvida cada edição do evento.

“Também desenvolveremos em março, mês da Mulher, e em conjunto com a Secretaria de Educação de Diadema, um curso com os temas Raça, Gênero e Ambiente, que será voltado aos gestores da Prefeitura”, afirmou Marcia.

Resistência

O babalorixá Jurandir de Xangô, um dos organizadores da atividade, destacou que Diadema tem uma grande quantidade de casas de matriz africana e que o evento Águas de Iemanjá é um ato religioso, mas também cultural e de formação de identidade e comunidade.

“Vivenciamos uma luta de resistência todos os dias contra o preconceito, a discriminação. Somos uma das únicas cidades do Grande ABCD que tem comemorações em homenagem aos Orixás”, disse.

O coordenador do MAP, José Aparecido Krichinak, pontuou que tanto o Museu quanto a celebração de Águas de Iemanjá existem há 15 anos e que a ideia da festa partiu do artista plástico Ricardo Amadasi, um dos criadores do MAP.

“Tínhamos à época uma artista plástica que era ligada às Casas de Candomblé, Geni Santos, e ela articulou um grande número de pessoas para a primeira edição, que sempre teve intensa participação da comunidade”, relembrou.

“Águas de Iemanjá cresceu e virou um evento para além do MAP, com uma lei de 2016 que garante a celebração do Dia de Iemanjá e é muito significativo termos essa comemoração. A trajetória da festa sempre foi de engajamento, com a participação da comunidade, da Fucabrad, muita gente envolvida”, afirmou.

“É uma festa artística e cultural, em uma cidade que tem a presença muito forte da cultura afro”, completou Krichinak.

A pesquisadora do MAP, Andreia Alcantara, explicou que o objetivo do evento é expressar um posicionamento ético e político e um diálogo aberto sobre o meio ambiente pautado pelas qualidades e características de Iemanjá e as diversas manifestações culturais.

“E isso se dará por meio de seminários, rodas de conversas, apresentações artísticas e exposições de pinturas e objetos tridimensionais”, detalhou.

Todos os trabalhos que fazem parte da atividade serão realizados a partir de três temas: a pluralidade estética da visão mitológica originária de Iemanjá; a questão da liberdade de culto em diálogo com as políticas públicas de enfrentamento ao racismo religioso constituídas em Diadema e as questões relacionadas ao meio ambiente sob a ótica generosa de Iemanjá, além de um conjunto de obras de arte popular do acervo de Ricardo Amadasi, bem como algumas de autoria do próprio artista e das artistas plásticas Geni Santos e Mayra Santos.

Professor, mediador cultural e funcionário do MAP, Igor Stepanenko relembrou que na inauguração do MAP, em outubro de 2007, diversos líderes e integrantes de religiões de matriz africana da cidade estiveram no evento.

Seguindo o rito do Candomblé, onde o primeiro Orixá saudado é sempre Exu, houve um ato de louvação à entidade e, figurativamente, foi Exu quem abriu as portas do MAP.

“De comum acordo, todos decidimos abrir o ano seguinte com uma homenagem à Iemanjá, que era tema de estudo de Ricardo Amadasi. E o que era para ser apenas a abertura de uma exposição sobre a Orixá, com a presença desses mesmo líderes e seguidores das religiões de matriz africana, virou uma grande festa e nasceu ali o Águas de Iemanjá’, relatou, em conclusão.

Confira a programação do evento:

15ª Águas de Iemanjá

  • Exposição ”Tributo à Iemanjá e aos Orixás”, com obras de artistas como Ricardo Amadasi, Geni Santos e Mayra Santos – até 24 de março

15 de fevereiro, quarta-feira – 15h

  • Contação de história “Iemanjá, Rainha do Mar” – Baseado na obra de Reginaldo Prandi – Com Angélica Taize, Bianca Vyunas e Kakau ngela

Centro Cultural Diadema
Rua Graciosa, 300, Centro

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