Diversidade cultural esteve presente, em primeiro lugar, em apresentações de dança, capoeira e maculelê marcadas por forte presença de artistas locais
Na última terça (11), a Kizomba esteve no Campanário, em uma atividade proposta pela Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Creppir) e Secretaria de Cultura de Diadema.
Dentro do tema desta 24ª edição, “A importância da identidade negra”, artistas locais e convidados valorizaram as lutas e a cultura do movimento negro no bairro.
No amplo teatro do Centro Cultural Vladimir Herzog, Jurandir de Souza e a Companhia de Dança 60+ apresentaram o espetáculo “Ancestralidade”, inspirado em Elza Soares, enquanto o Ponto Cultural Tribo Mubangi Africanidades apresentou danças de matriz africana, o maculelê e a capoeira.
“É um encontro de tudo o que veio do nosso povo de África”, explicou Jurandir, que é professor de dança e coreógrafo ali mesmo no centro cultural.
“Por isso aproveitamos e chamamos o movimento negro do Campanário, que completa 30 anos este mês, o Conselho da Igualdade Racial, a Creppir, o programa Dandara e Piatã, para que os moradores conheçam as ações e atividades que valorizam esta cultura”, disse.
Abrindo mitos ao público
Para Juliano Martins, 44, do Tribo Mubangi, foi uma alegria imensa poder trazer um pouco do trabalho cultural do seu dia-a-dia para a Kizomba.
“É importante apresentar o nosso folclore para quem está fora, pois muitos acabam nos vendo com preconceito, quando, na verdade, esse receio é fruto de um desconhecimento. Os cantos em língua banto, as divindades de Angola e do Congo, são nossos mitos que estamos abrindo aqui para o público. E dá muita alegria ver as pessoas se abrindo, batendo palma, se identificando com suas raízes africanas”, destacou.
Ivone Anunciação Barbosa, 57, assistiu ao evento junto com sua turma do EJA e ficou surpresa com tudo o que viu.
A começar pela grandeza do centro cultural, que desconhecia, mesmo sendo moradora do Campanário há 27 anos.
“Eu não sabia que podíamos ter coisas incríveis assim na porta de casa, foi tudo maravilhoso. Se eu pudesse, só saía daqui de madrugada”, festejou.
Negra, a moradora disse já ter sofrido preconceito por causa de seu cabelo, por exemplo.
“Atividades assim ajudam muito a combater o preconceito., pois, se eu vi coisas aqui hoje que nem eu sabia e saio com muito mais orgulho de mim mesma, espero que as pessoas possam aproveitar esse conhecimento também”, disse, em suma.
Para Thallys Gustavo, 24, a participação dos mais velhos contando a história do povo negro para os mais novos foi essencial.
“Fala-se muito pouco dessas nossas conquistas, então esses eventos preenchem esse vazio e mostram pro povo a nossa cultura. Minha esperança é que mais jovens participem também, para manter essa chama viva”, afirmou.
A noite terminou embalada pelo samba-rock, essa fusão de ritmos tipicamente brasileira, retrato mais do que fiel da pluralidade de saberes e fazeres do bairro Campanário.
Festa Banto
A palavra “Kizomba” vem do tronco linguístico Banto, grande conjunto de línguas do grupo nigero-congolês oriental faladas na África.
Na língua Kimbundo, uma das muitas faladas em Angola, significa “festa”.
Em Diadema, a Kizomba – Festa da Raça é organizada pela Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR).
Isso, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, a Câmara Municipal de Diadema e o Movimento Negro da cidade.
Veja, em conclusão, a programação completa da 24ª Kizomba AQUI
