Lançado pela Editora Patuá, romance Meu (Sub)Estimado Humano marca estreia do jornalista Henrique Nunes na literatura
O gato é colocado às pressas na caixa de transporte sem saber o destino. Logo depois, quando descobre o seu paradeiro, percebe o tamanho do problema que terá pela frente: seu novo endereço é um pequeno apartamento, espécie de solitária onde vive um homem aos farrapos. Sujo. Pálido. Triste.
Intrigado com o que vê, o animal começa a refletir sobre a vida errática do seu novo “inquilino”, ao mesmo tempo em que busca alguma forma de se aproximar daquele estranho.
Este é o ponto de partida de Meu (Sub)Estimado Humano – Notas de um Gato em Desespero Diante de um Homem Quase Morto, romance de estreia do jornalista Henrique Nunes, recém-lançado pela editora Patuá.
A convivência involuntária entre os dois personagens é descrita “ao vivo” pelo gato, por meio de fluxo de consciência, numa conversa impiedosa com o leitor.
“Esse gato existencialista faz questão de nos lembrar que podemos falhar, que somos frágeis, que erramos e que somos poéticos, mesmo quando não sabemos que somos. Os dias passados dentro do apartamento resvalam em temas como solidão, depressão e isolamento”, define, em resumo, o jornalista Maurício Simionato, que assina a apresentação do livro.
Ilustrações
A obra ainda conta com ilustrações de Letícia Pegorer, convidada pelo autor para organizar com imagens a narrativa propositadamente caótica.
Seus desenhos, feitos com total liberdade, demarcam cada capítulo com sutileza e melancolia.
Um deles, aliás, é inteiramente ilustrado, sem texto, numa sequência que entrega dose extra de originalidade ao livro.
“A construção da narrativa, de quem conta o que assiste e se indigna, e a linguagem direta, sem deixar de ser poética, são capazes de nos levar às profundezas do ser – seja ele homem ou bicho – e de nos envolver em uma vertiginosa leitura. Leitura pela qual se anseia pelo fim sem querer que o livro acabe”, sugere a poeta Lívia Mota, autora do prefácio de Meu (Sub)Estimado Humano.
A inspiração para a história veio, por exemplo, de uma relação semelhante entre o autor e uma gata siamesa que atende pelo nome de Vênus.
“Escrevi a história depois que adotei uma gata no auge da pandemia. Isolado e bastante deprimido, notei que ela tentava “falar” comigo, me reanimar, me levar para o quintal, me impedir de fumar e beber. Passei a anotar as reações dela para tentar decifrar o que pensava. Quando vi, tinha anotações suficientes para transformar tudo numa história. Ela no fim das contas me salvou”, define, em conclusão, Henrique Nunes.