Com trajetória marcada, em primeiro lugar, por trabalhos que refletem sobre o comportamento humano e estética pautada pelo teatro de investigação corporal, o Grupo Trapo estreia O Banquete no Éden em 26 de janeiro de 2024, sexta, no Teatro Arthur Azevedo, às 20 horas.
O espetáculo segue em cartaz, acima de tudo, até 18 de fevereiro, de sexta a domingo.
Dirigido e concebido por Muriel Vitória, traz à cena, por exemplo, o mito do Jardim do Éden para refletir sobre o que somos e sobre a forma como nos relacionamos nos dias atuais.
O Grupo Trapo se debruça, portanto, sobre histórias que estão no cerne da formação humana e na construção de paradigmas para questionar significados, seja do amor, da desobediência, do sexo, da liberdade ou da morte.
Para desenvolver o enredo de O Banquete no Éden o grupo fez, além disso, intensa pesquisa de linguagens que passa pelo happening, pelo teatro performático, pelas artes plásticas, pelo audiovisual e pela técnica de investigação corporal.
Questionamentos
O espetáculo questiona, da mesma forma, a maneira como as tradições, os mitos e as histórias atravessam gerações.
E são capazes, portanto, de influenciar e gerar padrões de comportamento que garantam a ‘evolução’ (?) da humanidade.
Segundo Muriel Vitória, as histórias acerca de Adão e Eva, do fruto proibido, de Caim e Abel, da Serpente, de Deus e da criação do mundo ocupam um lugar de privilégio não só nas religiões, mas também nas artes plásticas, na filosofia e no inconsciente coletivo.
“Alguma coisa na estrutura da história que nos é transmitida se agarra ao pensamento e se torna, quase literalmente, inesquecível”, comenta, em resumo.
O diretor explica, além disso, que O Banquete no Éden nada tem de O Banquete, de Platão: “É muito mais Rodrigueano”, ele diz.
“Embora, em comum, o espetáculo basicamente se constitua acerca de diálogos sobre amor”, completa, da mesma forma.
Mas, a encenação concebida e dirigida por Muriel Vitória diz muito sobre um evento de refeição solene e festiva.
Onde se bebe, por exemplo, os melhores vinhos e estouram as melhores garrafas de champanhe.
Onde os convidados performam cenas exageradas de puro drama, choram suas angústias, riem de suas desgraças, apaixonam-se de maneira desenfreada, comem, regurgitam e afirmam a plenos pulmões suas verdades existenciais.
Personagens fascinantes
“Tudo isso no Éden, o nome dado ao Jardim de Deus. O nosso ‘banquete’ diz muito de personagens fascinantes, que povoam o imaginário coletivo com um estranho e perene poder: a capacidade humana de contar histórias”, explica, em suma, Muriel.
Incorporando elementos da arte contemporânea ao teatro, como a performance e a dança, O Banquete no Éden oferece, além disso, espaço à improvisação, gerando um conjunto simultâneo de informações que mantêm a atenção do público em todos os momentos.
Em dois atos, sem enredo linear, todas as personagens permanecem em cena.
O primeiro ato traz o mito em situações que remetem à contemporaneidade, mostrando como ele reverbera no caminhar da civilização.
No segundo, os mitos do Éden experienciam a convivência, o nascimento dos sentimentos e dos conflitos.
É perceptível uma interconexão entre os ambientes principais representados, sugerindo que a natureza humana não alterou sua complexidade conflituosa, independentemente do tempo histórico.
E atesta que, dos primórdios da humanidade até a contemporaneidade, os conflitos humanos permanecem essencialmente os mesmos.
Mente libertária
O diretor argumenta, por exemplo, que “nesse sentido, há sempre a possibilidade de superação dos pecados, inerentes à natureza humana, pela necessidade de libertação de tudo aquilo que nos aprisiona e, sobretudo, pela solidariedade, independentemente do tempo/espaço”.
E finaliza, da mesma forma, dizendo que “o espectador de O Banquete no Éden precisa também ter a mente libertária ou, pelo menos, tolerante para que possa sentir as dores inerentes à condição humana e ainda, essencialmente, usufruir dos prazeres que tal condição pode proporcionar a todos nós”.
O Banquete no Éden foi concebido pelo Grupo Trapo em 2019, quando realizou, portanto, algumas apresentações em sua sede, além de participar do Festival Satyrianas.
Esta temporada marca, em conclusão, a estreia oficial do espetáculo, remontado por Muriel Vitória e com novo elenco em cena.
Ficha Técnica
Direção e concepção: Muriel Vitória. Intérpretes: Gui Vieira (Caim), Lis Santos (Lilith), Marília Luiz (Sara), Pedro Gonçalves (Adão), Suellen Santos (Eva), Well Nascimento (Umbra) e Zé Carlos de Oliveira (Abel). Direção de produção: Diego Brito. Iluminação: Jotappe Silva. Cenografia: Heron Medeiros. Fotografia: Marina Bisco. Social media: Lis Nunes. Vídeo: Isabela Fausferr. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Produção artística: Diego Brito e Edi Costa.
Espetáculo: O Banquete no Éden
Com: Grupo Trapo
Estreia: 26 de janeiro de 2024 – Sexta, às 20h
Temporada: 26 de janeiro a 18 de fevereiro – Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 18h
Duração: 60 minutos. Gênero: Drama / Performance.
Classificação indicativa: 18 anos (nudez explícita, violência, linguagem inapropriada).
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada).
Venda online: Sympla.com.br (link no Instagram – @grupotrapo).
Bilheteria: 1h antes das sessões.
Teatro Arthur Azevedo0
Avenida Paes de Barros, 955 – Mooca. São Paulo/SP.
Telefone: (11) 2604-5558. Na rede: @teatroarthurazevedosp.
Local: Sala Multiuso (capacidade: 60 lugares). Acessibilidade: Sim.
Estacionamento, em conclusão, com vagas limitadas.