Joaquim Alessi
Com medo de se autoincriminar ao ser ouvido na CPI de Enel, na Assembleia Legislativa de São Paulo, o presidente da distribuidora de energia, Max Xavier Lins, buscou proteção na Justiça.
Nesta segunda-feira (13.11), o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu habeas corpus preventivo em favor do executivo.
Convocado para depor nesta terça-feora (14.11), na condição de testemunha (isso torna obrigatório o comparecimento, sob risco de condução coercitiva) na CPI, ele pediu e obteve liminar.
A liminar assegura a Lins, em primeiro lugar, a garantia constitucional contra autoincriminação (art. 5º, inc. LXIII, CR).
Ou seja, ele comparecerá à CPI na Alesp e poderá, por exemplo, não responder às perguntas durante a oitiva.
Chocante
A decisão chocante levou a relatora da Comissão, deputada estadual Carla Morando, a manifestar indignação.
Afinal, a medida dá a Lins a possibilidade de omitir informações diante do questionamento a que será submetido na CPI da Enel.
“Recebi com profunda indignação esta liminar que foi concedida ao presidente da Enel para que ele possa estar presente na CPI, mas não preste juramento. Isso significa que ele pode não responder às importantes perguntas que serão feitas durante a oitiva que é fundamental para os trabalhos da Comissão que apura possíveis irregularidades e práticas abusivas cometidas pela Enel na prestação de serviços de fornecimento de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo”, disse, em resumo, a deputada.
Recurso
“Espero que o presidente da Alesp, André do Prado, recorra desta decisão e que possamos fazer este trabalho que é tão importante para a população. Essa medida prejudica os trabalhos na CPI e a população que sofre constantemente com a falta de prestação de serviço de qualidade na distribuição de energia elétrica. A justiça deve trabalhar em prol do povo solicitando também esclarecimentos a essa empresa que deixou milhões de famílias no escuro durante vários dias. Povo que sofreu sem luz, perdendo alimentos na geladeira e tendo prejuízos que até agora não sabe a quem recorrer para ser devidamente indenizado. Nossa luta é em favor da população, por isso, pedimos que a justiça seja feita e os usuários deixem de sofrer nas mãos da Enel que oferece um desserviço nos municípios paulistas”, concluiu Carla Morando, que luta há mais de quatro anos para que combater o descaso da Enel nos serviços prestados à população no estado de São Paulo.
A convocação acontece logo após apagão que deixou cidades paulistas sem energia durante vários dias. Usuários foram amplamente prejudicados com a falta de energia que atingiu cerca de quatro milhões de endereços em todo o estado em decorrência de fortes chuvas e rajadas de vento, dia 03/11.
Realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a CPI da Enel tem a finalidade de “apurar possíveis irregularidades e práticas abusivas cometidas pela Enel Distribuição São Paulo na prestação de serviços de fornecimento de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo, investigando em especial, no período de 2018 até 2023, as quedas de energia, a cobrança de valores, a atuação operacional, o suporte aos consumidores e prefeituras, a execução da tarifa social, os contratos assinados, a execução dos investimentos e das obras previstas, e o estado de conservação da rede de infraestrutura e de distribuição energética.