Equipamento cultural volta a funcionar, portanto, após nove anos sem espetáculos, na festa pelos 470 anos da cidade
Joaquim Alessi
Ao completar 470 anos, Santo André retoma o compromisso com a arte e recoloca o Teatro Conchita de Moraes nas luzes da ribalta.
Demorou quase uma década, mas o templo sagrado da dramaturgia ressurge na cena teatral.
Um dos mais emblemáticos equipamentos da história cultural da cidade, o Conchita, na Praça Rui Barbosa, Santa Teresinha, foi reinaugurado neste sábado (08.04).
“A entrega deste teatro tem um simbolismo muito forte, representa o resgate de mais um equipamento cultural que correu o risco de desaparecer e que agora passa a fazer parte da história das novas gerações. Tem um significado ainda maior por ser uma inauguração no segundo subdistrito, que está cada vez mais integrado com as demais regiões do município por meio dos investimentos que estamos realizando”, afirma, em resumo, o prefeito Paulo Serra, ao lado da primeira-dama e deputada estadual Ana Carolina Serra.
Reforma total
O teatro passou, acima de tudo, por completa reforma, com intervenções no telhado, banheiros, instalações elétricas e hidráulicas.
Da mesma forma, houve a readequação do hall principal e da fachada, que foi contemplada por um graffiti assinado pelo artista andreense Léo Araújo.
Foram ainda instaladas, além disso, 215 novas poltronas, além de dois espaços para cadeirantes.
Acessibilidade, em suma, foi um dos pontos principais deste novo Conchita de Moraes, contemplado com rampas, dois elevadores, banheiros e vestiários para pessoas com deficiência.
Emocionada, a secretária de Cultura de Santo André, Simone Zárate, celebrou o resgate do teatro e relembrou sua ligação com o local.
“Lembro do Conchita de Moraes desde quando eu era criança, vinha assistir teatro estudantil em que meu irmão participava. Anos depois também pisei nesse palco e, como funcionária da Prefeitura de Santo André, acompanhei toda a trajetória deste equipamento”, contou, em resumo.
Homenagem
Elisabete Barbosa Lucas, que trabalhou por 33 anos no Teatro Conchita de Moraes, foi homenageada na cerimônia.
“Só tenho a agradecer a Prefeitura de Santo André, que me acolheu durante esse período. Fiquei muito contente de trabalhar aqui, muito obrigado”, disse, em suma, Dona Bete, como é carinhosamente conhecida.
História
Criado pelo Governo do Estado de São Paulo em 1959, o Teatro Conchita de Moraes foi inicialmente erguido para ser o auditório da escola estadual no mesmo quarteirão.
Em 1963, em convênio com a Prefeitura, o teatro acolhe o festival de teatro amador de Santo André.
Em 1970, no primeiro governo do ex-triprefeito Newton da Ciosta Brandão, começa a ser administrado pelo município, que passa a utilizá-lo como um dos espaços teatrais da cidade.
O equipamento cultural homenageia em seu nome María de la Concepción Álvarez Bernard (1885-1962), conhecida como Conchita de Moraes.
Uma atriz cubana radicada no Brasil, que era mãe da também atriz Dulcina de Moraes.
Ela esteve no elenco de alguns filmes, como 24 Horas de Sonho, Pureza, O Bobo do Rei, O Grito da Mocidade, Bombonzinho, Bonequinha de Seda e Amor Perdição.
João Ramalho
A primeira agenda realizada no dia do aniversário de Santo André foi uma homenagem a João Ramalho, fundador da vila que muitos anos depois daria origem à cidade.
Durante o evento, no Paço Municipal, o prefeito Paulo Serra destacou que a cidade agora tem condições de elaborar planejamento de longo prazo.
O objetivo é traçar diretrizes visando preparar o município para os seus 500 anos, que serão completados daqui a três décadas.
“Nosso maior presente neste aniversário é poder falar do futuro, e isso é possível porque a casa está mais em ordem. Quando chegamos encontramos uma cidade endividada, sem perspectiva nenhuma de investimento, e agora podemos pensar a cidade que queremos para os próximos 30 anos”, ressaltou, em suma, o prefeito Paulo Serra.
Grafitti
Do Jardim Alvorada diretamente para a fachada do Conchita de Moraes.
Essa é a trajetória do artista andreense Léo Araújo, que embelezou a modernizada estrutura do teatro com sua obra, denominada ‘Raiz’.
Ela foi selecionada via edital promovido e organizado pela Secretaria de Cultura.
“Com a realidade da maioria dos bairros periféricos do Estado, onde os moradores têm pouco ou nenhum acesso a arte e cultura, poder levar um trabalho com essa proporção e representatividade, vai além do que está no muro. Meu papel aqui é colocar na imagem dessa raiz, a representatividade que o Teatro Conchita de Moraes tem na vida de quem veio a fazer parte no decorrer dessa história, e que carrega em si a força da arte, de outros tempos e vidas, habitando, resistindo, fincando raízes e sendo possível ao lado do lúdico, do que não é palpável, mas também está ali, movimentando e mostrando uma outra realidade”, disse, em conclusão, o artista.
Programação
A reinauguração do Teatro Conchita de Moraes contou com extensa programação.
Ela incluiu cortejos do Núcleo de Tambores da Escola Livre de Teatro, Grupo de Maracatu e Mulheres do ABC.
Teve apresentações do Núcleo VRAAA, da Cia Mungunzá (em parceria com o Sesc), e do Teatro de Lambe-Lambe da Cia Fuxico de Teatro.
A atração de encerramento é o espetáculo ‘Ítaca’, com o artista circense Thiago Andreuccetti (ex-Cirque du Soleil).
Quem esteve na reinauguração ainda pode aproveitar o Festival Multicultural de Santo André, com empreendedores da cidade.
Além disso, teve a oportunidade de acompanhar a exibição de documentário sobre o Teatro Conchita de Moraes (‘Conchita de Moraes, um lugar de lugares’, produção da Secretaria de Cultura).
Da mesma forma, pode desfrutar da projeção de vídeos produzidos pela Escola Livre de Teatro (‘Do Lado de Cá do Rio Até o Lado de Lá da Praça: Memoração dos trinta anos da ELT’, ‘Ilha de Desordem’ e ‘Sônica, Poética e Política: Um Canto à Memória da ELT’).
Público ainda teve à disposição as vendas de artesanato e pastéis, fruto de parceria com a Paróquia Santa Teresinha.
O calendário das atividades está disponível, em conclusão, no site www.santoandre470anos.com.br