Joaquim Alessi
Dois projetos apresentados nesta quarta (22.03) revelam número que não casa, quando comparados os discursos sobre habitação. Morou?
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) discursa que destinou R$ 106 milhões para resolver o problema habitacional de 8.711 famílias.
Jornalista normalmente é ruim na Matemática, mas uma conta rápida permite a conclusão de que cada “imóvel” de Tarcísio terá o custo médio de R$ 12.168,52.
Pode? No discurso político cabe qualquer número, mas que não tem valor, não tem mesmo.
O cidadão não “compra” um barraco na pior favela de São Paulo.
Contraponto
Sem querer, ou talvez querendo (as chaves da questão são indecifráveis), o prefeito da Capital, Ricardo Nunes (MDB), fez um barraco com os números de Tarcísio.
Anunciou, da mesma forma, cerca de R$ 6 bilhões para 38.870 mil unidades habitacionais.
O título do release (material enviado à Imprensa) casa com o raciocínio: “Com investimento de R$ 6 bilhões, Prefeitura comprará mais de 38 mil unidades habitacionais para famílias de baixa renda”.
Ou seja, recorrendo novamente à calculadora, temos R$ 154.360,68. na Capital.
Pode-se argumentar que o metro quadrado construído na Capital vale mais que no Interior. Mas, 12,6 vezes mais?
Tem algo que definitivamente não casa nessa história.
Pode-se dizer, portanto, que no caso do Estado trata-se de um “cheque-moradia” para que o cidadão compre diretamente.
Mas, comprar o que com essa mixaria? Só se for madeira e pregos para instalar um barraco em área de risco, como muitos políticos sempre fizeram em campanha.
O que casa, em conclusão, é que com esses ou aqueles números, as sete cidades do ABCD ficaram, da mesma forma, desabrigadas no plano de Tarcísio.
ABCD REAL questionou a assessoria do governador às 13h17, mas até 18h20 nenhuma resposta havia chegado.