Joaquim Alessi
Sou brindado por meu amor, Rosana, logo na manhã desta segunda (30.01), com a lembrança de um texto de Drummond.
Aliás, muito mais que um texto, um manifesto: datado de 2 de agosto de 1979, vejam só!
Mas, o mais interessante é o que ele escreve: um manifesto em que chama atenção para a situação dos… Yanomami.
Isso mesmo! Há cerca de 43 anos nosso poeta já alertava. Implorava por atenção.
Mas, àquela época vivíamos o começo do mandato do último general da ditadura militar. Pouco, ou quase nada, podia-se fazer.
Atentem que escrevi “último general” porque há pouco sobrevivemos há mais quatro anos de um outro ditador, mas capitão.
Que continuou a infernizar a vida dos Yanomami. A torturar, a matar, a acabar com seus rios para saciar a sede de ganância dos garimpeiros.
Nesse ponto fica ainda mais fácil entender o apelo dramático de Carlos Drummond de Andrade em 1979:
“No meio do caminho tinha um Yanomami
tinha um Yanomami no meio do caminho
tinha um Yanomami
no meio do caminho tinha um Yanomami.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um Yanomami
tinha um Yanomami no meio do caminho
no meio do caminho tinha um Yanomami.”
Fiquem com o escrito de Drummond, claro: