Joaquim Alessi
Muito vai se falar e deve-se falar sobre esse brilhante jornalista Carlos Brickmann, que nos deixa neste sábado (17.12), aos 78 anos.
Carlinhos, apelido estranho para um homem do tamanho que ele sempre teve, pode parecer paradoxal, mas ele sempre foi mesmo Carlinhos, pela gentileza, “fineza” e sutileza de um gênio.
A carreira dele, espetacular, fica para todos os outros veículos de comunicação e colegas.
Falo dele aqui, na primeira pessoa, pela amizade, da qual sempre tive e terei muito orgulho.
Era fã, acima de tudo, de sua coluna de capa na Folha da Tarde, no começo dos anos de 1980. Imperdível.
Cobri a campanha de Maluf a presidente, em 1989, e a governador em 1990, nas quais ele cuidava da Imprensa, ao lado de outras feras.
Tinha lado
Trocamos sempre muitas figurinhas. Sabia de tudo o cara. Rei da informação de primeira, sem jamais brigar com a notícia.
Tinha lado, o da informação correta, mesmo que às vezes contrariasse seus pensamentos.
Lembro de uma “briga boa” dele com José Paulo Kupfer (então no Estadão), a quem ele chamava de “comunista”, em Campos do Jordão.
Fomos todos convidados para um fim de semana em um baita hotel de lá, onde se discutia, com muitas autoridades, a formação da Comunidade Econômica Européia.
Vivíamos os meados dos anos de 1980, e lembro dos debates com o cônsul da Alemanha, as palestras brilhantes de Michael Alabi, e Carlinhos e Kupfer em posições diametralmente opostas. Com muita civilidade e genialidade, porém.
Na noite, em meio ao jantar, as crianças ficaram em uma sala de recreação. Todos nós com essas autoridades, e ouvimos um grito.
O filho de Carlinhos, que puxara para o pai desde menino (era muito grande, rsss), caíra com uma mesa, e parte dela pegara nos dedos do meu filho, o Rudá.
Felizmente, tudo não passou do susto, e nem o jantar foi afetado.
Em meados dos anos de 1990 tive o prazer de convidá-lo para integrar o seleto time de cronistas do Diário Popular. O Rei das Bancas tinha, portanto, o Rei da Informação.
Suas tiradas eram e sempre serão, da mesma forma, espetaculares.
Jantar
No dia em que deixei a direção de Redação do Diário Popular, maio de 2001, foi um dos primeiros a me ligar, depois de Amaury Jr.
Me convidou para um jantar no Rubaiyat da Alameda Santos.
Ao entrar, vi em uma mesa à direita o então prefeito de Santo André, Celso Daniel, com sua companheira Ivone Santana.
Disse a Carlinhos: “Vamos lá cumprimentar o Celso e saber se tem notícia boa”.
A única informação tirada no rápido encontro foi a reclamação de Ivone sobre o “desconforto” das cadeiras do restaurante chiquérrimo.
“Meu filho não se acomoda nelas”, resmungou.
Mas, Carlinhos queria mesmo era saber o que eu faria da vida, se queria trabalhar com ele, na Brickmann&Associados Comunicação, que já mantinha havia quase uma década com a brilhante jornalista Marli Gonçalves, que até hoje publica suas geniais colunas no portal ABCD REAL, que tenho a honra de dirigir.
Fui para outros caminhos, Diário do Grande ABC de novo, em 2001 e 2002, onde nos cruzamos novamente.
Estivemos juntos em vários dos churrascos das quartas na famosa “Casinha” do prefeito José Auricchio Júnior, em São Caetano.
Enfim, convivemos, em resumo, por longos e proveitosos anos.
O Jornalismo, com caixa alta (letra maiúscula), perde, portanto, muito com sua partida, Carlinhos.
Mas, a Marli vai tocar o Chumbo Gordo com maestria, tenho certeza.
Assim como tenho certeza, da mesma forma, de que o Jornalismo Brasileiro e Mundial não seria o que são sem você.