Alpharrabio sedia roda de conversa que discute a administração de Mário de Andrade frente à cultura

In ABCD, Cultura On

A Alpharrabio Livraria, Editora e Espaço Cultural, promove neste sábado (27.08), às 11h, uma Conversa de Livraria com o Prof. Dr. Luiz Roberto Alves.

Ele falará, em primeiro lugar, sobre seu livro Administrar via Cultura.

Para a mesa de apresentação da obra foram convidados, acima de tudo, os Professores Doutores Sílvia Helena Passarelli (UFABC) e Julio Mendonça (pesquisador na Casa das Rosas).

Em 1933, o dramaturgo alemão Hanns Jost escreveu, numa crítica aguda ao nazismo de Adolf Hitler: “Quando ouço a palavra cultura, saco logo meu revólver”.

Luiz Roberto Alves nos propõe, neste ensaio, portanto, algo no espaço diametralmente oposto.

É como se os personagens deste seu livro estivessem, por exemplo, respondendo, na vida prática, afirmando: “Quando sinto a palavra barbárie, saco logo a nossa cultura”.

Alves, professor da ECA (Escola de Comunicações e Artes da USO) e administrador com larga trajetória na vida pública, volta aos anos 1930 para analisar a breve experiência de administração da cidade de São Paulo pelo prefeito Fábio Prado e pelo diretor do Departamento de Cultura e Recreação, Mário de Andrade, ladeados por nomes como Sérgio Milliet, Oneyda Alvarenga, Paulo Duarte e Luiz Saia, entre outros.

Recompreensão

A trajetória modernista explica, além disso, parte da renovação, bem como uma recompreensão da ideia de cultura.

Ela cria experiências inovadoras e democratizantes, como, por exemplo, as escolas infantis dentro de parques de praças municipais e as bibliotecas circulantes.

Mário de Andrade e seus amigos se lançam neste desafio administrativo, da mesma forma, com paixão, criatividade e trabalho.

Coragem que seria “recompensada” pela elite brasileira com o sumário afastamento de Mário do cargo público.

Isso logo após a nomeação de Prestes Maia para a Prefeitura, em 1938, e a subsequente tentativa de desmontar, em suma, tudo o que fora construído.

Políticas culturais

A experiência ‘mariodeandradiana’ dialoga, ainda que não diretamente, com as políticas culturais nos anos 2000, quando os governos federais progressistas promoveram grandes avanços na área sem expansão proporcional de gastos, atentando para o poder prático das simbologias em jogo, sobretudo as pretas, pobres e periféricas.

Luiz Roberto Alves mostra, assim, que há muito a aprender com a dura experiência de Mário de Andrade nos anos 1930.

Afinal, ela deixou marcas na administração da Cultura em São Paulo e no Brasil que perduram até hoje.

No centenário da Semana de 1922, temos aqui esse Mário poeta e pesquisador, mas também burocrata.

Capaz de institucionalizar para pôr de ponta-cabeça conceitos e práticas culturais autoritárias e conservadoras.

Reportagem baseada em texto de Haroldo Seravolo Sereza, o editor, Ed. Alameda

Sobre o autor

Luiz Roberto Alves é professor livre-docente e professor sênior da ECA (Escola de Comunicações em Artes da Universidade de São Paulo), onde recebeu os títulos de Mestre e Doutor.

Assessora, além disso, movimentos sociais em temas de educação, cultura e políticas sociais.

Seu mais recente trabalho de pesquisa se centra no período histórico brasileiro de 1920 a 1945, tratando do desdobramento modernista e das transformações das grandes cidades e o autoritarismo do Estado-Novo.

É autor, entre outros, de Trabalho, Cultura e Bem-comum (Annablume) e Ensaios Sobre o Viável (Ed. Metodista).

Desenvolveu estudos de pós-doutorado na Universidade La Sapienza (Universidade de Roma), na Itália, e estudou na Universidade de Jerusalém, em Israel.

Foi professor e pesquisador da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, por mais de 30 anos.

Na Umesp, foi também Coordenador da Pós-Graduação em Comunicação e Vice-Reitor.

Secretário

Foi Secretário de Educação, Cultura e Esportes de São Bernardo do Campo, no período de 1989 a 1992, e de Mauá, entre os anos de 2001 a 2003.

Atuou como Conselheiro do Conselho Nacional de Educação nos anos de 2012 a 2016, onde exerceu as funções de Presidente da Câmara de Educação Básica e de Vice-Presidente do CNE.

É autor de vários livros e artigos publicados no Brasil e no exterior.

Sua última obra, denominada “Ensaios sobre o Viável”, foi lançada em 2017, pela Editora Metodista.

Desde a década de 70, assessora e colabora, da mesma forma, com movimentos sociais e educacionais no ABCD, inclusive movimentos de alfabetização para adultos.

Foi um dos fundadores do “Projeto Meninos e Meninas de Rua de São Bernardo do Campo” e do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA-ABC).

Contra a ditadura

Nas décadas de 1970 a 1990, esteve presente, da mesma forma, no enfrentamento ao regime militar no movimento estudantil.

Suas ações deram-se, acima de tudo, como estudante da Metodista e da USP, e como um dos coordenadores da União Latino Americana da Juventude Evangélica.

Intelectual, colaborou, conviveu e teve como amigos, em conclusão, os educadores já falecidos Paulo Freire, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Alfredo Bosi, entre outros.

Mais informações sobre o Livro:

https://jornal.usp.br/cultura/livro-aborda-a-gestao-cultural-de-mario-de-andrade-em-sao-paulo/

https://www.eca.usp.br/en/node/2092

Serviço

Evento: Presencial

Segmentos: Seminário/palestra/curso

Data 27.08.2022

Horário 11:00 às 13:00

Local Alpharrabio Livraria, Editora e Espaço Cultural- Rua Eduardo Monteiro, 151 – Santo André – SP

Classificação Indicativa Livre

Valores Evento gratuito (o livro custa R$ 68)

Contato (11) 4438-4358

 

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