Um dos maiores eventos da história de São Bernardo, comparável àquele em que JK inaugurou a Volks na cidade, em 1959, aconteceu nesta quinta (09.12).
Um dia depois de a Câmara Municipal aprovar orçamento para 2022 na casa de R$ 6 bilhões, prefeito Orlando Morando comandou apresentação de estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que apurou, em minuciosa pesquisa, o investimento para o biênio, que chega a uma vez e meia o orçamento do município.
As projeções englobam, portanto, aportes privados (R$ 6,5 bilhões), públicos (R$ 2,2 bilhões) e parcerias (R$ 340,3 milhões).
Tais investimentos são resultado, por exemplo, de uma política pública de desburocratização na emissão de licenças, requalificação econômica e de readequação do ambiente para negócios, com transformações por toda a cidade, incluindo melhorias no sistema viário que dá acesso a importantes rodovias como a Anchieta, Imigrantes e Rodoanel.
A estratégia ajudou São Bernardo a resistir à queda na produção da indústria automotiva durante a pandemia, fomentando outros setores, como o de serviços e logística.
Um porto seguro
“Temos uma localização estratégica. Nossa cidade está próxima a dois dos principais aeroportos do Estado (Guarulhos e Congonhas), ao lado do porto do Santos e somos vizinhos do maior centro consumidor da América Latina, que é a cidade de São Paulo. Por tudo isso, seguimos sendo um porto seguro para a instalação de novas plantas industriais”, falou, em resumo, o prefeito Orlando Morando, para público formado por autoridades, empresários e acadêmicos do ABCD.
A apresentadora Ana Paula Padrão, que conduziu o cerimonial, fez um trocadilho com os investimentos do setor automotivo, afirmando que são “o carro-chefe” dessa economia.
Gestão eficiente
Num momento em que o Brasil cresce apenas 0,5% (mais 4,5% em 2021 contra a queda de 4,1% do ano anterior) e o Estado de São Paulo chega quase 8% acima do nível pré-pandamia, os números revelam que uma gestão eficiente supera crises, mesmo as provocadas pela pandemia.
Esses dados foram revelados pelo secretário Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles.
Mais 230 mil postos de trabalho
Todo esse quadro, destacou o prefeito Orlando Morando, permitiu, acima de tudo, a geração de até 230 mil postos de trabalho, de acordo com mapeamento desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Essas características, somadas a incentivos fiscais, como descontos progressivos no IPTU para empresas geradoras de emprego, resultaram na abertura de 18.214 empresas em 2020 e outras 18.665 neste ano, além de investimentos vultuosos de indústrias já instaladas na cidade, como Scania, Volkswagen, Termomecânica, Omnisys, entre outros.
Um dos exemplos de empresas que apostaram em São Bernardo é a construtora São José, que adquiriu em 2020 o terreno da antiga fábrica da Ford no município.
O espaço abrigará, acima de tudo, complexo de galpões com 450 mil metros quadrados de área locada.
“Temos grande interesse em fincar o pé em São Bernardo com investimentos, como a recente aquisição do terreno da Ford, para desenvolvermos um dos maiores complexos logísticos da região e do País. O projeto já foi aprovado e vamos iniciar as obras em breve, para que até 2024 ou 2025 a gente já esteja com esse projeto construído, gerando de 3 a 4 mil empregos. O papel da Prefeitura nesse processo foi fundamental”, afirmou, por exemplo, Mauro Cunha Silvestri, sócio-diretor da empresa.
Descolados da realidade
Meirelles, também ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BankBoston e do Banco Central, uma das figuras mais respeitadas na área financeira internacional, analisou que São Bernardo e o Estado de São Paulo, como um todo, se descolam da realidade nacional.
“O Estado de São Paulo fez reforma administrativa, adotou os procedimentos corretos e, com responsabilidade fiscal, está investindo em infraestrutura, programas sociais e impulsionando investimentos. Temos programadas 8 mil obras executadas no Estado de São Paulo, com cerca de 200 mil empregos diretos, englobando o município de São Bernardo”, afirmou.
Participaram do evento ainda o presidente da InvestSP, Gustavo Junqueira, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luis Carlos Moraes, a deputada estadual, Carla Morando, além de empresários de diversos setores.
Cadeia produtiva
Fora os aportes de mais de R$ 9 bilhões para 2021 e 2022, o estudo desenvolvido pela FGV estima efeitos diretos, indiretos e induzidos que vão movimentar toda a cadeia produtiva em mais de R$ 22 bilhões, gerando R$ 10,2 bilhões em renda de fornecedores, R$ 5,6 bilhões em tributos e resultando na geração de cerca de 230 mil empregos, sendo mais de 46 mil na construção civil.
“Isso é a economia vibrando, gerando renda e permitindo que as pessoas ponham o pão na mesa”, afirmou Robson Gonçalves, consultor da FGV.
Para mapear os investimentos privados, o estudo rastreou alvarás de obras em diversos estágios e calculou a metragem quadrada informada para estimar valores diretos aplicados e os efeitos multiplicadores como produção, renda (PIB), emprego e arrecadação.
Melhor cidade
São Bernardo foi, além disso, considerada a melhor cidade do País para fazer negócios na área da indústria, segundo levantamento realizado pela consultoria Urban Systems, em parceria com a Revista Exame.
O ranking avalia, da mesma forma, municípios com mais de 100 mil habitantes, por meio da análise de 10 diferentes indicadores.
Com ampla política de incentivo à indústria, o município foi o único do ABCD no levantamento, ficando à frente, portanto, de importantes polos produtivos, como Igarassu (PE) e Cubatão (SP).
Mais empregos
A cidade lidera da mesma forma, no acumulado do ano, a geração de emprego na região, com a abertura de 12.673 novos postos de trabalho entre janeiro a outubro deste ano,
A média é, em conclusão, de 41 contratações com carteira assinada por dia, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério da Economia.