Negociação com o Sindicato garantiu ainda um vale alimentação e retorno da política de progressão salarial
Em duas assembleias,na manhã e tarde de quarta-feira (29.09), trabalhadores na Toyota, em São Bernardo, aprovaram o acordo negociado entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a direção da fábrica.
Ele garantiu reajuste pela inflação integral, de 10,42%, inclusão de vale alimentação, além da renovação de todas as cláusulas sociais vigentes.
Também foi incluída no Acordo Coletivo de Trabalho a cláusula de preferência para contratação de trabalhadores vacinados, a partir de janeiro de 2022.
O INPC de 10,42% será aplicado aos salários de forma retroativa, a partir de 1º de setembro. O vale alimentação será pago a partir de novembro.
“A conquista do vale alimentação é muito significativa, pois se trata de um ganho real. Diante do aumento do custo de vida, da alta nos alimentos, essa quantia vai aliviar um pouco o orçamento”, destacou o diretor administrativo dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno.
Mobilização
O dirigente lembrou que, na negociação, a empresa apresentou reajuste menor, mas se reposicionou e, com a mobilização, foi possível chegar a um acordo melhor.
“A Toyota teve coerência, fez revisão dos números a partir do seu planejamento de produção e venda e valorizou o esforço dos trabalhadores, sobretudo no ano passado e em 2017. Assim, chegamos aos 10,42%”, disse, em resumo.
Wellington frisou que em todas as discussões realizadas com a direção da fábrica, a pauta tem incluído também as formas de garantir o futuro da empresa em São Bernardo.
“Queremos discutir o futuro desta planta, se será uma fábrica de componentes, quais componentes vamos produzir e quais investimentos vamos receber. Também queremos debater o que pode ser feito para garantir empregos e gerar novos postos de trabalho. As conversas são feitas sempre tendo em mente que uma grande empresa aqui fortalece e estimula outras a estarem ou virem para a nossa região”, afirmou.
Montadoras
Com a aprovação do acordo na Toyota, os Metalúrgicos do ABC finalizam, portanto, as negociações de campanha salarial com as montadoras neste ano.
Há cerca de 20 dias os trabalhadores aprovaram o acordo na Scania.
Já na Volks e Mercedes-Benz não houve negociações de campanha salarial neste ano.
Em ambas ainda estão em vigência, acima de tudo, os acordos de longa duração aprovados no ano passado.
Demais empresas
A campanha salarial nas demais empresas da base segue conduzida pela FEM/CUT (Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos do Estado de SP).
Na segunda, a Federação protocolou o aviso de greve para os grupos G10 (Fiesp e outros) e o G10 Aeroespacial.
Há cinco anos esses grupos não fecham a Convenção Coletiva de Trabalho com a FEM.
O setor aeroespacial aceita, da mesma forma, o reajuste pelo INPC de 10,42%, mas a proposta foi rejeitada porque não houve acordo com relação às cláusulas sociais.
Já o G10 tradicional, além disso, não apresentou proposta.
Os demais grupos que ainda não fecharam acordo neste ano – G2 (máquinas, aparelhos elétricos, eletrônicos), Siniem (estamparia) e Siamfesp (artefatos de metais não ferrosos) – continuam, portanto, em negociação com a FEM.