P. Penedo
Milanesa arquivado
Hoje ninguém mais lembra. Mas, no início da década de 60, os japoneses ainda abatiam milhares de baleias e exportavam imensas quantidades da carne dos cetáceos. Justo nessa época houve uma crise de abastecimento de carne bovina no Brasil, os preços foram às alturas e o governo brasileiro, para combater os preços altos, importou toneladas de carne dos grandes mamíferos marinhos, principalmente para serem distribuídas no Rio de Janeiro. O produto naqueles dias podia ser encontrado em qualquer açougue do então Distrito Federal. Porém, mesmo o governo divulgando uma grande campanha publicitária garantindo que a carne era de primeira, além de barata, as vendas fracassaram e a experiência foi arquivada. E acabou que a milanesa de baleia jamais frequentou os cardápios verde-amarelos.
Paulo Álvares Placal
Faz muitos anos, a atriz Giulia Gam em visita a Portugal, mais propriamente à cidade de Guimarães, soube que ali descansavam os restos mortais do descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral. E foi visitar o túmulo. Não seria nada incomum a visita a um mausoléu histórico se não houvesse sobre o jazigo uma pesada placa de metal com os dizeres: “O meu muito obrigado, em nome de todos os brasileiros. Com respeito e que Deus o tenha sempre. Do seu admirador Paulo Maluf, empresário em São Paulo”. Pelo que se sabe, a placa permanece lá.
Questão de civilização
“Nós estamos no século 21, quase a metade dos domicílios brasileiros não tem coleta de esgoto. Teve democracia, teve ditadura, teve esquerda, teve direita, teve populista, teve neoliberal, e o fato é que nós estamos no século 21 e quase metade dos domicílios no Brasil não tem coleta de esgoto. Um Estado que arrecada 34% da renda nacional em impostos. O que é imenso para um país de renda média, e não se ataca um problema tão elementar de civilização”.
Eduardo Giannetti. Economista e professor, autor – ganhador de dois prêmios Jabuti – em entrevista a Roberto Dávila.
Sagradas conjecturas
Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra. No boletim de ocorrência a denúncia será mais consistente.
Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Aí veio a Inteligência Artificial.
E ordenou: Levanta-te e anda! Mas na Faixa de Gaza não havia mais pra onde ir.
Olho por olho dente por dente. Observai para que não tenham glaucoma nem cárie.
Ao lado de Jesus, dois ladrões. O bom e o mau. Qual estava à esquerda ou à direita dependia do ponto de vista. É assim até hoje.
Jornada da estrela
Quando Jacob do Bandolim, que era amigo de seu pai, a ouviu cantar em seu próprio aniversário de 16 anos, a convidou para um teste numa rádio. O pai, pra lá de ciumento, não gostou, mas permitiu que fizesse o teste. Passou com louvor. Na semana seguinte já estava contratada para se apresentar num programa semanal. Conheceu, apaixonou-se e se casou com o Diamante Negro, o craque Leônidas da Silva, atacante histórico que popularizou a ‘bicicleta’ no futebol. Um dia encontrou uma recém-nascida abandonada na rua e conseguiu sua adoção. O craque não aceitou a criança e foi terminantemente expulso de campo. Casou-se mais tarde com o cavaquinhista Ari Valdez, de quem engravidou e, grávida, se separou. Os amigos contemporâneos afirmavam que Ari tinha problemas mentais, bebia muito e saía nu pelas ruas. A cantora mãe solteira criou a filha adotiva Teresa e o filho Paulo, fruto desse casamento. Quando finalmente pôde gravar, consagrou-se como uma das grandes intérpretes de samba-canção ao lado de Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran. Em 1957/58, já consagrada, foi das primeiras a gravar criações da dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Sua gravação de Chega de Saudade trazia no acompanhamento a batida diferente do violonista João Gilberto. A gravação é reconhecida como a primeira da Bossa Nova. Ela é Elizeth Cardoso.
Chega de Saudade
(Tom e Vinícius)https://www.youtube.com/watch?v=K_Ftx_APGP4
