Por Marlene Oliveira*
O fim do ano costuma chegar acompanhado de listas: metas cumpridas, compras a realizar e a expectativa de um início de ano impecável. No entanto, para muitos, esse período traz à tona um peso invisível. Sob a máscara da eficiência e do compromisso, pode esconder-se a depressão de alta funcionalidade.
Diferente da visão comum da depressão, este quadro se manifesta justamente naqueles que não param. São os “fortes”, os “resolutivos” e aqueles que parecem dar conta de tudo sozinhos. Sobre esse fenômeno, a psicóloga Marlene Oliveira explica:
“Chama-se depressão de alta funcionalidade porque, mesmo em sofrimento, a pessoa continua funcionando. Continua entregando, trabalhando, cuidando de todos e cumprindo metas, mantendo uma aparência de normalidade enquanto internamente enfrenta uma batalha silenciosa. É exatamente essa capacidade de seguir em frente que torna o quadro tão difícil de perceber, tanto por quem vive quanto por quem convive”, afirma a profissional.
Esse perfil costuma ser de pessoas que aprenderam a não decepcionar e a carregar responsabilidades sem pedir ajuda. Segundo a psicóloga, muitas pessoas com esse tipo de depressão têm dificuldade de reconhecer seus limites, sentem culpa por estarem exaustas ou acreditam que pedir ajuda é sinal de fraqueza.
O perigo de manter a engrenagem girando é que o corpo cobra a conta. “Quando não paramos, o sistema entra em exaustão. Podem surgir dores crônicas, insônia e um vazio que metas cumpridas não preenchem. O risco é o colapso total, podendo evoluir para algo muito mais“, alerta a psicóloga Marlene.
O encerramento de um ciclo é o momento ideal para um diálogo interno honesto. Reconhecer o cansaço não anula as suas conquistas; pelo contrário, é um sinal de autoconhecimento. “Olhar para si mesmo com honestidade e pedir cuidado é um ato profundo de coragem, por isso neste final de ano, mude a prioridade da sua lista. Seja gentil com(você)”, conclui a psicóloga.
*Marlene Oliveira é psicóloga clínica (CRP 06/110092) e especialista em transtornos alimentares pelo IPq-HC/USP(Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP).
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