Bianca Azzevedo teve os dois primeiros filhos no equipamento de saúde e tinha saudade especialmente do feijão
Não é novidade que a gravidez mexe com hormônios e com a rotina das mulheres. Neste período podem surgir desejos de comer alimentos fora do habitual e muitas vezes inusitados. Este é o caso da andreense Bianca Azzevedo, 25 anos, gestante de 15 semanas, que procurou as redes sociais da Prefeitura de Santo André com um pedido bem diferente: ela queria comer a refeição servida às pacientes no Hospital da Mulher, onde teve seus dois primeiros filhos, Lorena, hoje com 6 anos, e Nilson Neto, com 3.
O desejo da moradora da Vila Guaraciaba foi atendido nesta semana. A equipe do hospital serviu para a munícipe na última quarta-feira (21), na hora do almoço, o mesmo cardápio oferecido para as pacientes que estão internadas. O prato tinha arroz, feijão, frango grelhado, salada de tomate, suco, além de melão como sobremesa. Logo na primeira garfada Bianca constatou: “era exatamente esse gosto que eu queria sentir”.
Bianca explicou que a vontade de comer a refeição do Hospital da Mulher apareceu recentemente. “Estava em casa cozinhando e quando olhei para a comida pensei: ‘eu não quero essa, quero a do hospital’. Lembrava principalmente do gostinho do feijão. Entrei em contato com a equipe da Prefeitura para ver se eles podiam me ajudar e deu tudo certo”, contou a jovem.
A andreense faz o acompanhamento de pré-natal na UBS do Jardim Carla e deve ter o terceiro filho, que ainda não se sabe se é menino ou menina, no Hospital da Mulher. Além do almoço, ela recebeu da equipe do hospital uma Naninha do Riso, um travesseiro que é entregue para todas as mulheres que fazem o curso de gestante no equipamento de saúde.
Assim que contou para o marido, Nilson Marques, e para os demais familiares que queria a comida do hospital, foi um alvoroço na família. Todos estavam tentando pensar em uma forma de atender o pedido de Bianca, que nas duas primeiras gestações teve vontade de alimentos mais acessíveis, como frango e goiaba madura. “Meu marido não sabia mais o que fazer. Quando eu falei para a minha avó que eu iria ao hospital comer ela não acreditou, achou bem estranho”, lembra Bianca.
Segundo Andrea Cristina Queiroz, ginecologista e obstetra do Hospital da Mulher, a alteração hormonal durante a gestação leva a mudanças de humor, de gosto, de cheiro e de preferências alimentares. “A grávida pode querer comer algo que não estava habituada, assim como rejeitar alimentos de costume. Mas o aspecto emocional também tem papel nessas vontades. A mulher fica mais sensível, ansiosa e pode desejar algo que traga memórias afetivas e prazerosas, ou para requisitar mais atenção de quem esteja por perto. Ao ter o desejo atendido, a gestante se sente acolhida. Em geral, essas atitudes são inconscientes”, esclarece.
A médica explica ainda que é importante verificar se o alimento desejado não é um indicativo de que o corpo esteja precisando de um determinado nutriente. “Em alguns casos específicos é importante descartar deficiências nutricionais das gestantes, mas nenhum dano será causado ao bebê se o desejo da futura mamãe não for satisfeito. E a criança também não vai nascer com a aparência do alimento desejado. Esse, claro, é apenas um dos mitos sobre a alimentação na gestação”, finaliza Andrea.