Joaquim Alessi
O Cartunismo brasileiro está mais sem graça a partir de hoje, com o fim do traço de Paulo Caruso, aos 73 anos.
Conhecido nos últimos tempos pelos trabalhos no Roda Viva, ele começou a carreira no bom e velho Dipo, o Diário Popular, nos anos de 1960. Quase 1970, claro.
E esse é o nosso primeiro traço em comum. O mesmo Diário Popular, onde iniciei a carreira também, em 1978, no irmão esportivo Popular da Tarde.
Nunca nos falamos, mas nos vimos em vários acontecimentos.
Trabalhei com seu parceiro Alex Solnik, já no final dos anos de 1990, igualmente no Dipo.
Solnik que, em 1981, inaugurou com Caruso a página de humor Bar Brasil, na revista Careta, e depois na Senhor.
Em 1988, a “Avenida Brasil” foi para outra revista, Isto É, onde ficou até 2006.
Naquele, migrou para a revista “Domingo”, do Jornal do Brasil. Em 2015, foi para a revista Época.
Tem muita história. Paulo Caruso também colaborou em veículos como o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja, e publicações especializadas em humor, como Circo, Chiclete com Banana, Geraldão e Pasquim 21.
Contatos imediatos
Outro contato que tive foi com seu irmão gêmeo, Chico Caruso.
Entre o final de 2000 e começo de 201, eu estava diretor de Redação do Diário Popular, que acabara de ser comprado pelas Organizações Globo.
Fui ao Rio para uma reunião com Ali Kamel, então diretor de Redação do jornal O Globo (nem imaginava que ele viria a ser o chefão da TV Globo mais tarde).
Cheguei à sala de Ali, e à frente dele, com os pés na mesa, estava Chico Caruso. Os dois me olharam de cima abaixo e ironizaram: “Olha o pauliXta, terno e gravata…”
Entendi como uma charge boba, de mau gosto, mas normal para os representantes de uma “grande organização” que se apoderava do Rei das Bancas, como era chamado o Dipo.
Tudo isso, acima de tudo, para lamentar a falta de oportunidade de trabalhar com alguém tão brilhante.
Mas, Paulo Caruso também teve atuações memoráveis no campo da música e da literatura.
Seu nome confunde-se, da mesma forma, com o lendário Salão de Humor de Piracicaba.
Salão esse frequentado, em conclusão, por outro premiado amigo, o cartunista Luiz Carlos Fernandes, que aparece com ele na foto abaixo.
Triste!