Caio Bruno*
A eleição mais disputada de nossa história e recheada de ineditismos finalmente acabou. Com 50.90% (60.345.999 votos) Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retorna ao Palácio do Planalto para um inédito terceiro mandato após 12 anos. Jair Bolsonaro (PL) teve 49.10% (58.206.354 votos) e se tornou o primeiro presidente a não conseguir se reeleger desde que o mecanismo foi instituído em 1997.
A vitória de Lula marca sua ressurreição política após diversos fatos ocorridos nos últimos anos como investigações, perdas pessoais, condenações, prisão e posteriormente anulação de sentenças. Definitivamente é um feito histórico e de superação do presidente eleito. Mas o que esperar politicamente do governo?
Analisando seus movimentos desde antes do processo eleitoral quando convidou o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) para companheiro de chapa, a quantidade de apoios e alianças feitas durante a campanha com o centro e sua linha de discurso de frente ampla pela democracia, teremos o governo menos petista dos cinco que a sigla já teve. E o barco lulista ainda tende a aumentar com o apoio formal ou não da centro direita representada pelo MDB, PSD, União Brasil e, claro, o onipresente Centrão.
O cenário é completamente diferente da lua de mel de 2002, quando Lula foi eleito com votação consagradora e durante seus dois primeiros mandatos se deu ao luxo até de escolher quem seria governo e quem seria oposição. Saiu do cargo em 2010 elegendo sua sucessora e com 87% de aprovação. Hoje há um movimento político forte contra ele e um adversário que ainda é presidente e não aceitou com todas as letras a derrota, apesar de ter aberto as portas do governo para a transição.
Sem dúvida nenhuma, Lula tem habilidade política suficiente para acomodar tantos e tão variados interesses e grupos, mas há de haver, claro, os descontentes. Provavelmente à esquerda. Mas o novo-velho presidente sabe que pode contar com essa turma de forma quase devocional.
- Caio Bruno é jornalista e profissional de Marketing Político.
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