No G20, Lula defende ‘soberania digital’ e protagonismo de países em desenvolvimento na cadeia de minerais críticos

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O presidente Lula durante a terceira sessão de trabalho do G20: 'Os países com grande concentração de reservas de minerais não podem ser vistos como meros fornecedores, enquanto seguem à margem da inovação tecnológica'. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Presidente alerta, em primeiro lugar, para risco de ‘novo colonialismo digital’ e destaca que transição energética deve reforçar base industrial de países detentores de recursos e estar atenta à promoção do trabalho decente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou, acima de tudo, um panorama da relação entre minerais críticos, inteligência artificial e trabalho decente.

Tudo isso em discurso no segundo dia da Cúpula de Líderes do G20, em Joanesburgo, na África do Sul.

Para ele, a forma de integrar esses três vetores define, portanto, não apenas o presente, mas o futuro das próximas gerações.

Na fala deste domingo, 23 de novembro, no painel “Um Futuro Justo e Equitativo para Todos”, Lula alertou, por exemplo, para os riscos de a inovação tecnológica aprofundar desigualdades.

Da mesma forma defendeu que nações com grandes reservas de minérios não sejam tratadas como meras fornecedoras.

Para isso, enfatizou a urgência de uma governança global da IA centrada na Organização das Nações Unidas (ONU).
 “Os países com grande concentração de reservas de minerais não podem ser vistos como meros fornecedores, enquanto seguem à margem da inovação tecnológica”, declarou.

Quem controla o conhecimento

O líder brasileiro reforçou que “o que está em jogo não é apenas quem detém esses recursos, mas quem controla o conhecimento e o valor agregado que deles derivam.”
Lula ressaltou a importância de investimentos ambientalmente e socialmente responsáveis, que contribuam para fortalecer a base industrial e tecnológica dos países detentores de recursos, e citou a criação do Conselho Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos no Brasil.

“A soberania não é medida pela quantidade de depósitos naturais, mas pela habilidade de transformar recursos através de políticas que tragam benefícios para a população”.

Colonialismo digital

Ao abordar o tema da Inteligência Artificial, Lula reconheceu que a IA é um “caminho sem volta” e uma oportunidade para impulsionar um futuro mais equitativo, mas apontou desafios em torno do acesso desigual.
O presidente chamou atenção para a disparidade digital. Citou que 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso ao mundo digital e que a taxa de acesso à internet é de 93% em países de alta renda, enquanto não chega a 30% em nações de baixa renda. “Quando poucos controlam algoritmos, dados e infraestruturas, a inovação passa a gerar exclusão. É fundamental evitar uma nova forma de colonialismo: o digital”, alertou o presidente.
Neste contexto, ele pediu urgência para que as maiores economias do mundo aprofundem o debate sobre a governança da IA, tendo as Nações Unidas como centro da discussão. O presidente ainda parabenizou a África do Sul pela “Iniciativa IA para a África”.

Trabalho decente

Lula concluiu a participação fazendo a conexão entre avanço tecnológico e necessidade de proteção aos trabalhadores e trabalhadoras. Ele frisou que não haverá “futuro equitativo para todos” sem assegurar oportunidades de trabalho e proteção. O presidente destacou que 40% dos trabalhadores do mundo estão em funções expostas à IA, sob risco de automação ou complementação, e defendeu que cada painel solar, cada chip, cada linha de código carregue a marca da inclusão social. “A tecnologia deve fortalecer, e não fragilizar direitos humanos e trabalhistas. O trabalho decente deve ser o objetivo das nossas ações. O progresso só se concretizará se for compartilhado, sustentável, justo e inclusivo”, finalizou.

Emergência global e mapa do caminho

No sábado, Lula participou das duas primeiras sessões do G20 de forma ativa.

Na primeira, defendeu que é hora de declarar a desigualdade uma “emergência global”.

Ele propôs mecanismos inovadores, como a troca de dívida por desenvolvimento e ação climática e a taxação dos super-ricos.

Na segunda, enfatizou que o G20 é um fórum essencial para indicar o Mapa do Caminho para a transição energética e o abandono progressivo dos combustíveis fósseis.

O presidente também teve ainda reunião bilateral com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz.

Cúpula de Chefes de Estado

Neste domingo, antes da terceira sessão no G20, Lula manteve encontro trilateral com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, no encontro de Cúpula do IBAS.

Criado em 1999, após a crise financeira asiática, o G20 se tornou uma Cúpula de Chefes de Estado e de Governo em 2008.

Atualmente, representa mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, 75% do comércio internacional e 60% da população do planeta.
Prioridades

A África do Sul conduz os trabalhos do G20 sob o lema “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, com quatro prioridades: Fortalecimento da resiliência e capacidade de resposta a desastres; Sustentabilidade da dívida pública de países de baixa renda; Financiamento para a transição energética justa; e Minerais críticos como motores de desenvolvimento e crescimento econômico.
Comércio

Os países do G20 desempenham papel fundamental nas redes globais de comércio.

Eles não apenas são grandes exportadores e importadores, mas destinos frequentes de exportações uns dos outros.

Em 2005, o total exportado pelo G20 foi de US$ 8,2 trilhões. Já em 2021, chegou a US$ 17 trilhões, crescimento de 107%.
Exportação

Entre os principais produtos comercializados pelos integrantes do G20 estão, por exemplo, manufaturas, como veículos automotivos, eletrônicos e maquinaria industrial.

Além disso, produtos agrícolas, como cereais, carne e frutas; e commodities, como petróleo, gás natural, minérios e metais.

O Brasil, em conclusão, exporta a integrantes do G20 aeronaves, petróleo e materiais relacionados, ferro, aço, minérios metálicos e produtos do agronegócio.

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