Morador da cidade, artista é um dos mais importantes nomes da xilogravura no Brasil; mostra fica em cartaz de 9 de novembro a 30 de dezembro
O Museu de Arte Popular (MAP) de Diadema recebe entre os dias 9 de novembro e 30 de dezembro a exposição ‘A Xilogravura Inventiva de Jeronimo Soares – Séries 200 anos de Independência e Cores do Sertão’. A mostra reúne 15 xilogravuras de autoria de Jeronimo, um dos maiores artistas desse tipo de manifestação artística no Brasil. Nesta exposição serão expostas 15 xilogravuras, sendo cinco em preto e branco, retratando episódios históricos ou releituras de situações históricas relacionadas à Independência do Brasil e dez coloridas, que retratam cenas cotidianas da vida do povo nordestino. As duas séries foram contempladas com recursos do ProAc/2021.
Aos 88 anos, Jeronimo trabalha com xilogravuras – arte e técnica de fazer gravuras em relevo sobre madeira – e desenvolveu uma técnica exclusiva com perfurações por agulhas (normalmente, os cortes na madeira são feitos com estiletes e goivas). “No Brasil e no mundo só quem faz assim sou eu”, afirmou orgulhoso. Essa característica diferenciou o seu trabalho de outros artistas. Foi ele também quem desenvolveu as ferramentas com as quais realiza o trabalho, com o qual ficou mundialmente reconhecido. Já foi à França representar o Brasil e Diadema e tem suas obras em vários países do mundo.
Foi elogiado pelo escritor Jorge Amado como “um dos mais notáveis gravadores populares do Brasil”. “Suas madeiras para capas de folhetos de cordel são de real beleza, poderosas e poéticas”, registrou o escritor. “Todos os desenhos são de minha autoria. O que vem na minha cabeça eu faço, é só o lápis, a borracha e a madeira. E são sempre cenas nordestinas”, explicou o artista, que não escondeu a ansiedade com a nova exposição. “Estou muito feliz. Vai ser muito bom”, afirmou.
Os trabalhos que serão expostos foram feitos no último ano. Com alguma dificuldade de movimentos, depois de um problema de saúde, Jeronimo contou que levou cerca de uma semana para desenhar cada matriz. Devido às suas atuais limitações, os cortes foram feitos a laser. Essa mudança demandou um estudo por parte da pesquisadora do MAP, Andreia Alcântara. Ela explicou que para a impressão dos desenhos, as imagens tiveram que ser vetorizadas e para que houvesse uma fidelidade maior, Andreia se dedicou a estudar as matrizes.
“Isso garantiu o meu entendimento de como são os caminhos escolhidos pelo Sr. Jeronimo na hora de escolher as áreas que receberiam tinta ou não. E também garantiu que eu pudesse afirmar que a interferência em transformar um desenho do artista em desenho computadorizado não iria provocar perdas e descaracterização da obra”, detalhou Andreia, que também é a curadora da exposição.
Serviço
A Xilogravura inventiva de Jeronimo Soares – Séries 200 anos de Independência e Cores do Sertão
Abertura: 9 de novembro, 19h30
Visitação até 30 de dezembro
Museu de Arte Popular
Rua Graciosa, 300, Centro