Iniciativa que troca recicláveis por alimentos consagrou-se, acima de tudo, como a principal política pública socioambiental de Santo André
Há cinco anos, reciclar em Santo André gera, em primeiro lugar, comida na mesa a famílias em situação de vulnerabilidade social.
Além disso, amplia a segurança alimentar e a limpeza dos bairros da cidade.
Todas essas melhorias ocorrem graças ao programa Moeda Verde, que, nesta terça-feira (22.11), completa 1.825 dias de existência.
Trazendo, em suma, mais qualidade de vida para cerca de 100 mil pessoas que residem em 23 comunidades carentes.
Em comemoração ao aniversário da principal política pública socioambiental do município, a Prefeitura de Santo André e o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) realizaram, durante a manhã desta terça, um evento junto aos moradores da Vila Sá, um dos locais que são beneficiados pela iniciativa.
Teve, portanto, bolo, algodão doce e, claro, parabéns.
“Hoje é um dia muito especial, porque afinal de contas são cinco anos de uma política pública que se mostrou efetiva, que deu certo”, celebra, em resumo, a primeira-dama e deputada estadual eleita Ana Carolina Barreto Serra, idealizadora do programa e presidente do Fundo Social de Solidariedade.
“Aparentemente uma ideia simples, da troca do lixo pelo alimento, a gente vê o apoio às famílias, à alimentação saudável e ao meio ambiente”, complementa, da mesma forma.
Santo André tem outro motivo importante para festejar: nos próximos dias, o Moeda Verde se tornará lei.
O projeto que transforma o programa em legislação municipal foi aprovado na Câmara nesta terça e será sancionado em breve pelo prefeito Paulo Serra.
Importante conquista para que os próximos governos possam dar continuidade à ação, inclusive expandindo para mais comunidades.
“Passa a ser da cidade”
“O Moeda Verde deixa de ser um programa idealizado pela nossa gestão e passa ser da cidade, de vocês, moradores e moradoras”, disse o prefeito Paulo Serra.
Ele acrescentou: “Isso que é o mais importante: a gente ter essa consciência que diferencia muito bem o que é política pública efetiva do que é, muitas vezes, um plano de governo, de uma só gestão”.
“A gente tem muito orgulho de participar de uma iniciativa como esta. Nesses cinco anos, são mais de 800 toneladas de recicláveis, e isso representa um mês de coleta no município”, explica o superintendente do Semasa, Gilvan Junior.
De novembro de 2017 até o momento, mais de 160 toneladas de alimentos foram distribuídas.
Isso contribuiu para gerar emprego e renda para 100 pessoas que trabalham nas cooperativas de reciclagem do município.
A ajudante geral Ana Aparecida de Oliveira, 59 anos, que troca recicláveis por alimentos na comunidade da Vila Sá, destacou a qualidade das frutas, legumes e verduras. “Para a gente que mora em comunidade, não é sempre que conseguimos ter dinheiro para comer bem, ainda mais com os alimentos caros. Os alimentos são frescos e de qualidade”, comemora.
Comunidades mais limpas
Com a colaboração da população, o programa Moeda Verde conseguiu eliminar cinco locais que sofriam com descarte irregular de resíduos. Na Avenida dos Estados e na Rua Malaia, no Parque Capuava, no lugar de móveis, entulho e madeira, foram implantados áreas verdes, praças e estacionamentos. Nessas duas vias, o Semasa chegou a gastar mais de R$ 200 mil por ano para executar serviços de limpeza.
Na Rua Lamartine (Jardim Santo André) e na Rua Júlio Pignatari (Utinga) houve revitalização da calçada e também a implantação de estacionamentos para os munícipes. Outro local onde não há mais ponto de descarte irregular é na Rua Caldas, no bairro Cidade São Jorge. O Semasa gastava anualmente mais de R$ 100 mil para a retirada de resíduos.
Referência nacional e internacional
As transformações proporcionadas pelo Moeda Verde, seja na questão alimentar, de saúde pública ou ambiental, atraíram olhares de diversas cidades e Estados.
Representantes de Amparo, Porto Ferreira, São Carlos, Leme, Recife, Guarujá e Itanhaém já vieram conhecer ou se interessam pelo programa.
Além disso, em 2020, o Moeda Verde chegou ao conhecimento de chineses, após uma TV estrangeira produzir uma reportagem especial.
Dada a relevância da iniciativa, Santo André pretende fazer articulações para que o programa possa também se tornar uma política pública do Estado.
Realizada pelo Fundo Social de Solidariedade, por meio do Banco de Alimentos, e pelo Semasa, a ação, em conclusão, está presente no Jardim Cristiane, na Chácara da Baronesa (Jardim Las Vegas), Jardim Cipreste, Eucalipos (Cata Preta), Morro da Kibon (Sítio Cassaquera), Jardim Santa Cristina, Sítio dos Vianas, Cruzado I e II (Jardim Santo André), Pintassilva (Parque Miami), Tamarutaca (Vila Guiomar), Sorocaba (Jardim Alzira Franco), Espírito Santo (Cidade São Jorge), Missionários (Jardim Santo André), Maurício de Medeiros (Jardim Irene), Nova Centreville (Centreville), Homero Thon, Havana (Utinga), Favelinha do Amor (Jardim Santa Cristina) e Gleba Camilópolis (Jardim Utinga).