Frente ao aumento de preços e à boa fase do setor, metalúrgicos reivindicam reajuste de salários que permita ao trabalhador a recuperar perdas. Federação também defende a contratação apenas de trabalhadores vacinados contra a Covid-19 a partir de 2022
Em reunião virtual na manhã realizada na manhã de hoje (terça, 29) os representantes da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM/CUT) entregaram a pauta de reivindicações da categoria para a Campanha Salarial deste ano às bancadas patronais.
Com o tema “Campanha Salarial É +, + salário, + vacina, + emprego, + direitos, + unidade”, as negociações deste ano dos metalúrgicos filiados à CUT no estado de São Paulo terão como eixos a preservação da saúde e da vida, garantia de emprego, aumento salarial que restabeleça o poder aquisitivo do trabalhador, valorização das normas coletivas de trabalho e política industrial com nacionalização de componentes, máquinas e equipamentos.
Durante o encontro, foi exibido um vídeo produzido pela Federação, com imagens de manchetes dos principais jornais do País apontando para o crescimento do setor. De acordo com o presidente da FEM/CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, o vídeo teve a intenção de mostrar aos empresários que a categoria está acompanhando o que acontece com o setor e já apontar qual será o tom das negociações. “Deixamos bem evidente que há condições de buscar um bom aumento salarial”.
O dirigente destacou a alta de preços verificada em vários itens de consumo para lembrar que é preciso que o trabalhador possa recuperar essa perda em seu poder de compra. “É necessário que este ano tenhamos um bom reajuste salarial, não dá para os metalúrgicos assistirem somente o preço dos itens de consumo subirem ade forma absurda e não verem seus salários reajustados satisfatoriamente”, defendeu.
O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, também afirmou ter uma boa expectativa em relação à campanha salarial deste ano. “Difícil sempre é e já estamos acostumados. Mas hoje, por mais que ainda enfrentemos uma pandemia, o que se nota em diversos setores é que temos um início de retomada, com crescimento, inclusive, em alguns deles. E os trabalhadores já perderam muito, tanto em salário, como em diretos. É hora de termos a nossa retomada, da dignidade, do emprego, hora de repor o que o trabalhador foi perdendo ao longo destes anos”, ressaltou
Só vacinados
Outra reivindicação deste ano é que, a partir de janeiro de 2022, as fábricas só possam contratar pessoas vacinadas contra a Covid-19. A FEM propõe uma cláusula para estabelecer esse procedimento, desde que seja cumprido o calendário apresentado pelo do governo do Estado de São Paulo, que prevê imunizar toda a população adulta até meados de setembro desde ano.
Caso haja atraso no cronograma, poderão ser contratados aqueles que estiverem com a vacinação agendada. A única exceção seria para trabalhadores que apresentarem atestado médico contraindicando a vacina por eventual problema de saúde. “Gostaríamos de ter uma reposta ainda em julho sobre este tema para poder anunciar que as partes têm acordo. Os metalúrgicos têm de assumir sua responsabilidade com a saúde das pessoas que convivem com eles, agindo de acordo com o que diz a ciência”, reforçou Luizão.
Próximos passos
A partir de agora, as bancadas patronais devem reunir os empresários para discutir sobre as reivindicações da categoria. A previsão é iniciar o processo de negociação na segunda quinzena de julho. Na pauta de negociação deste ano também estarão presentes temas como reindustrialização do país, nacionalização de componentes e novas formas de contratação como home office e teletrabalho.
A FEM-CUT representa 14 sindicatos de metalúrgicos em todo o Estado, incluindo os Metalúrgicos do ABC. A data-base da categoria é 1 º de setembro. A federação negocia com os sindicatos patronais, que se dividem em diversos grupos de acordo com o setor em que atuam, como fundição, estamparia, autopeças, máquinas e equipamentos, iluminação entre outros. Não estão incluídas montadoras, que negociam em separado com os sindicatos de cada região.