Participantes revelam: a lição aprendida, em primeiro lugar, é que a união torna a luta menos árdua; 2026 promete calendário intenso de atividades
“Ninguém ouviu/ um soluçar de dor/ No canto do Brasil
Um lamento triste/Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro/ Foi pro cativeiro
E de lá cantou/ Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares/No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou”
Entoando o “Canto das Três Raças”, de Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte, que ficou conhecida na voz da cantora Clara Nunes, a Escola de Samba Acadêmicos do São João deu início, portanto, à festa de encerramento do Mês da Consciência Negra 2025 em Mauá, na noite de sexta-feira (28.11), na quadra do Jardim São João, com a presença de autoridades e representantes de várias comunidades.
Vários discursos expressaram, acima de tudo, importante mensagem: a que a união dos segmentos facilita a luta por direitos e conquistas.
Além disso, o patrono no Mês da Consciência Negra 2025, Jaci Cesário, um dos fundadores do grupo tombado pelo Patrimônio Histórico de Mauá, Catira Às de Ouro, foi mais uma vez homenageado pelos participantes do evento.
“Tudo é resistência e amos trabalhar juntos”, defendeu Mestre Del, da capoeira.
Para a ialorixá Mãe Solange, “é um início. Para que todos se unam. As escolas de samba de Mauá, por exemplo, já foram as responsáveis pelo segundo melhor carnaval do estado de São Paulo, e isso precisa ser retomado. Precisamos preservar a nossa cultura, a capoeira, o Hip Hop, o samba… Se o Brasil tem 56% de negros, como podemos ter menos que 30% de representação no Congresso?”
Sem divisão
O secretário de Relações Institucionais, Edilson de Paula, parafraseando o Mestre Valdenor, “Não podemos aceitar a divisão”. “Teremos resultados melhores se estivermos juntos para discutir políticas públicas e debater o que o povo precisa e merece”, afirmou o secretário/
Durante as comemorações do mês que celebra a luta de Zumbi dos Palmares pela liberdade dos negros escravizados, a Secretaria de Relações Institucionais da Prefeitura de Mauá buscou fortalecer políticas públicas antirracistas no município, incentivando a criação da lei que cria o conselho municipal de igualdade racial, com a união dos grupos de matriz africana, imigrantes e indígenas, além da importante representatividade dos sete grupos de trabalho que atuaram no decorrer das comemorações, promovendo debates e discutindo demandas. Uma outra importante ação é cadastramento de centros de umbanda e candomblé, para traçar um mapeamento sociocultural. Os grupos de trabalho correspondem aos segmentos da juventude negra; mulheres negras; capoeira; pais e mães de santo; cultura, samba, pagode; indígenas, ciganos e imigrantes; e afroempreendedores.
Desde o início do ano, a Prefeitura tem realizado formação para servidores municipais para qualificar o atendimento antirracista e contra xenofobia.
Tudo a fim de garantir tratamento digno para pessoas estrangeiras, negras e povos originários.
O letramento racional, que orienta sobre a historia e Cultura do povo negro, debates antirracista e da igualdade étnica foram desenvolvidos em vários bairros da cidade, em escolas de samba, associações de moradores, academias de capoeira, centros de umbanda e candomblé, Casa do Hip Hop, Câmara Municipal, Clubes de Mães, Fundação Casa, Centro POP, escolas estaduais, Guarda Municipal,em praças e nos SESI dos Jardins Adelina e Zaíra. Foram cerca de 30 rodas de conversa, para um público de mais de 600 pessoas para debater e valorizar a cultura afrodescendente no Brasil.
Além disso, foram seis atividades culturais, incluindo a abertura das comemorações que reuniram quase 500 pessoas; palestra com Mestre Valdenor; sessão solene; comemoração do Dia da Mulher Negra, Latinoamerica e Caribenha, o que somou uma participação de mais de duas mil pessoas.
Ainda foram obtidos o reconhecimento de terreiro, União das Escolas de Samba de Mauá (Uesma) e escolas de samba pelo o Ministério da Cultura, como pontos de cultura.
