Literatura é arma poderosa para combater o racismo estrutural e ensinar respeito às individualidades

In ABCD, Canto do Joca On
Divulgação

Escritoras negras Janine Rodrigues e Kiusam Oliveira, reconhecidas pelo ativismo antirracista, debateram o tema no LC Talks, da Escola Lourenço Castanho

Na educação antirracista, a literatura é, acima de tudo, uma aliada cativante que chama a atenção sobre os impactos do racismo estrutural e ensina sobre o respeito às individualidades.

Foi o que debateram, portanto, as escritoras negras Janine Rodrigues e Kiusam Oliveira no LC Talks, painel de debates da Escola Lourenço Castanho em 20 de maio, com o tema “Diálogo pela igualdade: o papel das histórias na desconstrução dos estereótipos e na valorização das diferenças”.

Para Janine, a literatura, em primeiro lugar, dá voz ao diverso, ao plural e à representatividade.

“Mas também é sobre proporcionalidade. Não é só eleger um livro, um tema ou autora e ponto. É muito ruim ser o único ou a única escritora, somos muitos e muitas. Precisamos trazer o tema (da desigualdade) para o nosso dia a dia, porque a arte tem esse poder de fazer a gente se mexer”, explica, em resumo.

Obras

Como escritora, Janine é autora de “Nuang – Caminhos da liberdade”, “Onde Está o Boris” e “As incríveis aventuras de Nirobe na terra do Não”, de conteúdo infantil e explorando como cenário histórias de sua infância e cultura afro.

É importante que os grupos não brancos sejam vistos como pessoas que ocupam espaços, e não apenas como os “exóticos”, argumenta Janine. “Tem muita coisa maravilhosa acontecendo no Brasil e que não chega aqui, na região Sudeste. Ou quando chega, é como o exótico e quem perde são as nossas crianças.”

Descendente de negros, indígenas, quilombolas e caiçaras, Janine conta ter vivenciado muitas experiências de racismo estrutural na sua trajetória pessoal e profissional, inclusive na Educação – ela é fundadora da edtech Piraporeando, que cria experiências e conteúdos antirracistas, antibullying e antipreconceito.

No que se refere à educação antirracista, Janine defende que a contribuição dos negros e outros grupos para a formação histórica e cultural do Brasil seja revista e recolocada em patamar de igualdade. “Nosso olhar foi educado para a naturalização de pessoas negras em lugares de serviço, violência e desumanização. Ser antirracista é incomodo, demanda esforço e a pessoa branca é idealizada. Mas é preciso abrir mão de privilégios e compartilhar um olhar de humanidade.”

Escreva o que você viver

Com temas étnico-raciais, a obra da escritora Kiusam Oliveira é reconhecida pela ONU como uma das dez mais importantes para a educação e formação de crianças em direitos humanos. Por influência da mãe, Kiusam anotava suas memórias e fatos cotidianos desde criança. “Ela dizia para escrever tudo o que eu vivesse”, recorda a escritora.

Isso foi a base de suas obras, que tratam do racismo estrutural e autoafirmação, como “O Black Power de Akin” e o poema “Inesquecíveis”. Para ela, a literatura é uma forma de mostrar a discriminação que as crianças negras sofrem desde a infância.

Como professora, Kiusam viu situações chocantes. “Em berçário, vi crianças de dois anos chamando outras de ‘preto’ em tom pejorativo. Elas nem sabiam falar, mas já xingavam outras de ‘preto’ o dia inteiro. Meu alerta é que temos que pensar e falar sobre o assunto em toda sua plenitude”.

Kiusam é crítica em relação à “branquitude” que define o comportamento arraigado usado para desqualificar a identidade cultural de pessoas não brancas. “É um jeito muito perverso (de preconceito) que se desenvolve na nossa sociedade, um processo que os filhos e filhas vão reproduzir na escola.” Assim como Janine, Kiusam acredita que a forma de evitar a formação de comportamentos discriminatórios é entender e estudar a contribuição dos povos negros para a história brasileira.

Encerrando o debate, a mediadora Vivian Alboz, diretora pedagógica da Educação Infantil da unidade Vila Nova Conceição da Escola Lourenço Castanho, disse que a educação antirracista é uma pauta urgente e necessária. “Este é um tema que está posto em nossa sociedade. Não basta não ser racista, tem que ser antirracista”, define.

Bússola

O papel da literatura na valorização da diversidade, tema abordado no LC Talks, também foi, da mesma forma, um dos artigos da revista Bússola, publicação da Lourenço Castanho que chega à sexta edição e foi apresentada durante o debate.

Voltada para educadores, a revista Bússola aborda, além disso, outros temas, como a exploração do espaço urbano de São Paulo em propostas pedagógicas e práticas de exercício que promovem o bem-estar e equilíbrio das crianças na escola.

A publicação pode ser acessada, em suma, neste link https://www.lourencocastanho.com.br/arquivos/revista_bussola_1sem_2024_introducao.pdf.

Sobre a Escola Lourenço Castanho

Oferece, em primeiro lugar, um projeto pedagógico inovador, que extrapola o trabalho com os conteúdos produzidos pelas grandes áreas do conhecimento.

Investe, da mesma forma, no desenvolvimento da autonomia e da crítica, na análise da dimensão social construída pelos estudantes e na vinculação com o saber.

Ao longo dos anos, a Escola mantém, em conclusão, o compromisso com seus princípios, consolidando a formação integral como a base de seu projeto pedagógico-educacional.

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