Na quinta-feira (20.02), a Abiquim recebeu com entusiasmo, em primeiro lugar, o anúncio do BNDES e Finep sobre o lançamento do edital para implantação e expansão de centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil.
Com orçamento de R$ 3 bi, a chamada pública tem como meta, acima de tudo, apoiar projetos de empresas brasileiras e companhias estrangeiras por meio de instrumentos de crédito, participação acionária, recursos não-reembolsáveis e subvenção econômica.
O período de execução dos projetos – que devem estar alinhados às diretrizes da Nova Indústria Brasil (NIB) – é de até 36 meses.
O objetivo é fortalecer a economia brasileira e aumentar sua capacidade de inovação.
Segundo André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, a entidade vê neste edital uma grande oportunidade para a indústria química brasileira explorar todo o seu potencial tecnológico, inovador e econômico no que tange à descarbonização.
“Vale lembrar que a NIB foi elaborada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e do qual a Abiquim faz parte”, disse.
E destacou: “Sua construção se deu a partir de seis importantes missões e os recursos poderão ser acessados pela indústria química porque a Abiquim trabalhou e obteve sucesso na inclusão da química como cadeia produtiva prioritária para adensamento na missão de número 5 – Desenvolvimento de Tecnologias Estratégicas para a Descarbonização, a Transição Energética e a Bioeconomia para garantir os recursos para as gerações futuras”.
Resgatar a competitividade
Lembrou, além disso, André Passos: “Não à toa, o vice-presidente Geraldo Alckmin citou a importância de resgatar a competitividade da indústria química como um dos itens da nova indústria inovadora.”
Importante destacar que a indústria química brasileira trabalha com energia limpa e sustentável, sendo que 83% da energia que ela usa vem de fontes renováveis.
Dependendo do produto, ela gera metade das emissões de CO2 por tonelada produzida em relação aos seus principais concorrentes do mundo.
“Estamos falando de um setor econômico singular para a construção de um país mais justo, mais humano e que, de fato, contribua, por meio da ciência e da tecnologia, para a solução dos principais problemas que a humanidade enfrenta hoje”, assinalou.
Passos enfatiza que estamos atravessando a porta de entrada para a economia de baixo carbono e a indústria química está pronta para liderar essa transição.
A química de baixo carbono está relacionada ao uso de tecnologias que reduzam ou neutralizem a emissão de gases de efeitos estufa – a química renovável, a captura e estocagem de carbono e a reciclagem química são alguns exemplos dessa liderança que pode ser exercida pela indústria química brasileira.
Indústria bioquímica
A indústria química já deixou de ser uma indústria somente de base fóssil para se tornar bioquímica.
Ou seja, a química baseada em biomassa.
Nesse sentido, a recente aprovação da lei que regula substâncias químicas – agenda liderada pela Abiquim desde 2014 – e que cria um inventário de mais de 15 mil produtos químicos coloca o Brasil alinhado às melhores práticas mundiais de segurança de produtos químicos.
No final de 2024 a Abiquim criou ainda o fórum de matérias primas sustentáveis com empresas associadas, não associadas, e governo.
“Nosso objetivo é construir a curva de neutralidade das emissões de gases de efeito estufa do setor, considerando os níveis de tecnologia e inovação que já temos, a configuração da matriz energética brasileira e o potencial da indústria para descarbonizar outros setores”, destacou, da mesma forma.
Com sua matriz energética renovável e recursos naturais abundantes, o Brasil tem um grande potencial para liderar o mercado de produtos químicos verdes.
“Ao oferecer incentivos e subsídios para empresas que desenvolvem tecnologias limpas, o governo brasileiro pode fortalecer sua indústria e criar empregos qualificados, ao mesmo tempo em que alinha o país com as demandas ambientais globais, além de garantir mais segurança ao meio ambiente e à saúde humana. Essa estratégia não apenas impulsiona o crescimento sustentável, como também contribui para colocar o Brasil em uma posição de destaque no mercado internacional, garantindo sua competitividade no século XXI”, enfatiza, em conclusão, o presidente da Abiquim.