Animais foram resgatados pela PM em aeroporto; cobras vieram de outro Estado e estavam armazenadas em recipientes de plástico
O Zoológico de São Bernardo, localizado nas dependências do Parque Municipal Estoril, no Riacho Grande, recebeu na sexta-feira (28.04), em primeiro lugar, 12 serpentes vítimas de tráfico e maus tratos.
Os animais foram resgatados, acima de tudo, pela Polícia Militar Ambiental no aeroporto de Congonhas, na Capital, e estavam armazenados em recipientes de plástico.
As cobras, a maioria delas filhotes e das espécies Boa constrictor e Epicrates cenchria (conhecida como jiboia arco-íris), foram, portanto, ilegalmente enviadas da Paraíba pelos Correios para serem comercializadas no mercado ilegal.
As serpentes, naturais da Amazônia, chegaram, em primeiro lugar, debilitadas e com sinais de desidratação.
Duas delas, porém, já chegaram sem vida.
Tratamento e alimentação
No Zoo de São Bernardo, que também funciona, além disso, como centro de tratamento e recuperação de animais da fauna silvestre vítimas de maus tratos, as serpentes estão recebendo tratamento e alimentação.
Veterinário do zoológico, Marcelo Gomes explicou que o retorno das serpentes à natureza é improvável, já que os animais estão em cativeiro já há algum tempo.
“São animais que possuem uma série de implicações para a conservação. Elas são tiradas da natureza e condenadas a viverem o resto da vida em cativeiro, já que o processo de reintrodução é bastante complicado”, explicou, em resumo.
Gomes citou, além disso, riscos às próprias serpentes e outros animais, como como transmissão de doenças.
“A prática do tráfico implica ainda no risco da transmissão de doenças para outros animais e para os próprios seres humanos. É uma prática ilegal, abominável e que a gente precisa combater. No fundo, o grande segredo do combate ao tráfico de animais é evitar que as pessoas comprem. Se não tem procura, não tem oferta. Temos que denunciar. Se alguém testemunhar a venda ilegal de animais, chame a polícia”, alertou, em conclusão, o especialista.
Legislação prevê prisão
A lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605/98) prevê pena de prisão de seis meses a um ano para quem “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente”.
No caso das serpentes recebidas pelo Zoo de São Bernardo, o rastreio de criminosos envolvidos no caso é um dos obstáculos da investigação.
Isso porque os dados utilizados, como nomes, endereços de remetente e destinatário, são falsos.
Nesse tipo de prática, o tráfico só é exitoso quando o receptador consegue retirar pessoalmente o pacote.
Denúncia
Casos de maus tratos e tráfico de animais podem e devem ser denunciados pelo telefone 153 da GCM Ambiental.
Ou ainda pelo (11) 4330-6007 da Delegacia de Investigação de Infrações e Crimes contra o Meio Ambiente (Dicma) e 190 da Polícia Militar.
Sobre o Zoo
O Zoológico de São Bernardo é responsável por resgatar, tratar e cuidar de animais silvestres acidentados, apreendidos por maus tratos ou por tráfico e, quando possível, devolvê-los à natureza.
Mais do que contemplar os bichinhos, visitar o Zoo de São Bernardo é conhecer a história de cada um. São 10 mil metros quadrados e mais de 38 viveiros.
O Zoo de São Bernardo fica, em conclusão, dentro do Parque Municipal Estoril (Rua Portugal, 1.100), no Riacho Grande.
Assista ao vídeo: