Dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André/SP
Neste mês teremos eleições. Nossa Diocese através da distribuição da “Cartilha de Orientação Política”, quer mostrar que a boa política está a serviço da vida e da paz, por isso devemos participar.
Por muitos anos se repetiu que o lugar da Igreja é na sacristia. Que a Igreja não deve se meter em política. Estas premissas supõem que a fé não tem nada a ver com a vida, ou seja, vivo minha fé desligada dos embates cotidianos da vida. Este é um erro apontado pelo Papa Pio XII que chamava de “heresia” de nosso tempo, a separação entre a fé e a vida. Acreditar em uma coisa e viver outra é hipocrisia. Na verdade, não existe fé verdadeira que não incida na prática.
A Igreja não faz política partidária, porém, sua missão evangelizadora exige que ela propague os princípios do Evangelho e seus valores fundamentais: Verdade, Liberdade e Justiça. O ensinamento social da Igreja não é intromissão no governo, mas é uma chamada à consciência, para cada fiel que, a partir de sua fé em Jesus Cristo e no projeto do Reino de Deus por Ele instaurado, deseja viver de forma coerente.
Qual é o sonho de Deus? A salvação e a felicidade dos seres humanos. Por isso, Jesus nos transmite a vontade de Deus que é vida plena para todos (cf. Jo 10, 10). Isto se traduz em buscas e realizações concretas, quais sejam: um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo; onde se busca o bem comum, saúde, moradia, educação e emprego para todos. Quem de nós não deseja o fim da violência, da discriminação e das mentiras?
Para conseguir isto, somente temos duas armas: o canhão, ou seja, a força bruta que se impõe pela violência de uma ditadura; e o voto, ou seja, a livre escolha dos governantes por parte do povo, em um regime democrático. Daí a importância da Política. Neste mês, somos chamados a fazer uso do voto. Devemos tomar a sério a política e o dever de votar bem, com responsabilidade e consciência. O Papa São Paulo VI escreveu: “A política é uma forma exigente, se bem que não seja a única, de viver o compromisso cristão, a serviço dos outros” (AO 46).
O Papa Francisco faz um apelo: “Peço a todos que tem responsabilidade política que não se esqueçam de duas coisas: a dignidade humana e o bem comum” (Twitter, 1/1/2014). O papa deixa a entender que um bom católico interfere na política, oferecendo seu melhor para que o governante possa governar bem. A política bem feita é eminente forma de caridade, porque busca o bem comum.
Devemos escolher quem está comprometido com a promoção da dignidade humana e com o bem comum.
Que Deus abençoe a todos, com a bênção da saúde, paz e alegria!