“Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar”. Nunca o verso de 1965 fez-se tão necessário como hoje noo Brasil.
Mas, seu grande autor, O Poeta Thiago de Mello, amazonense, nos deixa hoje (14.01), aos 95 anos de idade.
O verso, do Peoma Madrugada Camponesa, inspirou a 34ª Bienal de SP, em 2021.
Seu filho, também Thiago de Mello, falou a respeito:
“Desde sempre esse verso se desdobrou em muitos perfis e muitas linguagens, além de possibilidades de revelar para o mundo uma vontade de transformação, superação e utopia, mas é também um verso carregado de esperança e alegria. Ele traz um valor de indignação sobre injustiças, mas não uma indignação que nos paralisa, mas uma que nos movimenta, nos lembrando sempre que estamos em movimento e que devemos cantar. Como se a arte, a música, a poesia, sempre tivesse essa força transformadora”, ressalta.
Thiago de Mello também é autor de “Os Estatutos do Homem”.
Leiam esta verdadeira Obra Prima:
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.