Por Bruno Castro*
A proposta da PEC 221/2019, que visa reduzir a jornada de trabalho na escala 6×1, tem gerado discussões sobre seus impactos na economia, nas empresas e no bem-estar dos trabalhadores. Em um momento de transformações no mercado de trabalho, é importante compreender que mudanças progressistas, embora inicialmente vistas com ceticismo, podem, na realidade, representar uma oportunidade de crescimento.
Ao longo da história, diversas medidas voltadas ao bem-estar dos trabalhadores foram inicialmente contestadas, mas demonstraram-se benéficas para a economia. A abolição da escravidão, a criação do salário-mínimo em 1936 e o décimo terceiro salário em 1962 são exemplos de mudanças que, apesar das preocupações iniciais, fortaleceram o mercado interno e impulsionaram o crescimento econômico. A proposta de redução da jornada de trabalho não é diferente: ela busca equilibrar as necessidades dos trabalhadores com as demandas do mercado, sem prejudicar a competitividade das empresas.
Em países como Alemanha, França e Suécia, a redução da jornada de trabalho foi implementada com sucesso, mostrando que menos horas não significam necessariamente menos produção. Ao contrário, trabalhadores mais saudáveis e motivados têm maior produtividade e qualidade de vida. A PEC 221/2019 segue esse modelo, buscando garantir que a vida do trabalhador seja mais equilibrada, sem comprometer a eficiência das empresas.
É importante ressaltar que a PEC não propõe uma mudança abrupta. A ideia é que as empresas adotem a redução de forma gradual, com o apoio das entidades de classe, para que se adaptem sem prejuízo ao seu desempenho. O objetivo é incentivar a inovação e a produtividade, ao mesmo tempo em que se respeita o direito do trabalhador a uma vida mais equilibrada e saudável. Em vez de tratar o trabalho apenas como uma forma de gerar lucro, a proposta busca transformar o trabalho em uma fonte de realização pessoal e profissional.
A transição pode não ser fácil, mas é essencial para o fortalecimento do Brasil a longo prazo. Ao melhorar as condições de vida dos trabalhadores, a economia também se fortalece. A PEC 221/2019 oferece uma oportunidade de transformar a relação entre trabalho e qualidade de vida, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e justo para todos.
*Bruno Castro
Administrador pela FIA-USP e Professor Universitário da Faculdade do Comércio