“Na época em que fui ordenado, nós estávamos celebrando o fato maravilhoso do grande impulso que o Papa Paulo VI (1897-1978) deu naquele momento. O Concílio Vaticano II (1962-1965) tinha terminado há 12 anos e ele convocou um Sínodo para falar da evangelização no mundo daquela época, a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (1975), que é insuperável até hoje.”
Recordando com alegria a caminhada rumo ao sacerdócio, ao falar do documento que enfatiza a missão da Igreja na evangelização no mundo contemporâneo, o bispo da Diocese de Santo André e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Pedro Carlos Cipollini, 69 anos, celebrou na noite de sexta-feira (25.02), a Santa Missa em Ação de Graças pelos seus 44 anos de ordenação presbiteral, na Catedral Nossa Senhora do Carmo, no Centro da cidade andreense.
“Esse documento foi apresentando de uma forma tão bonita e profunda que, de uma certa forma, chacoalhou e despertou a Igreja para a missão. Fui ordenado (padre) naquele clima. E esse documento colocava de uma forma maravilhosa, que a Igreja existe para a missão em favor do Reino de Deus”, cita o bispo diocesano, ao falar da canção entoada na procissão de entrada e no dia de sua ordenação sacerdotal: “Devo anunciar às cidades, o Reino de Deus proclamado a Jesus. Foi para isto mandado, é tão necessário que eu vá até o fim […] É que o Espírito Santo me ungiu, me enviou e está sobre mim.”
Dom Pedro Cipollini foi ordenado presbítero no dia 25 de fevereiro de 1978 pelo bispo de Franca, Dom Diógenes Silva Matthes (1931-2016), na Catedral da Imaculada Conceição, em Franca (SP). No dia 12 de outubro de 2022, o bispo da Diocese de Santo André completará 12 anos de sua ordenação episcopal.
O sonho missionário de chegar a todos
Dom Pedro, sintetiza que foi ordenado naquele clima de alegria de poder levar o evangelho a todos, ao fazer menção ao primeiro Sínodo Diocesano (2016-2017), realizado na Igreja Católica no Grande ABC, que tinha como lema: “O sonho missionário de chegar a todos”.
“A Evangelii Gaudium (2013), do Papa Francisco, (que fala sobre o anúncio do evangelho no mundo atual), que aliás se baseou muito neste documento do Papa Paulo VI, a evangelização no mundo moderno, nós queremos recuperar sempre esta visão de que o mais importante é o Reino de Deus. A Igreja existe para (anunciar) o Reino de Deus”, constata.
O padre deve ser um homem do Reino
Segundo Dom Pedro, o ministério sacerdotal existe dentro da Igreja para servir o Reino de Deus. “Por isso, o padre que não tem claro na cabeça, o Reino de Deus como horizonte, ficará sempre limitado, sempre debilitado, porque o grande horizonte é o Reino. Porque Jesus não anunciou a Igreja. Ele anunciou o Reino. A Igreja, Ele deixou para trabalhar pelo Reino de Deus, de forma que o padre deve ser antes de ser homem de igreja, ser um homem do Reino, das grandes causas do Reino de Deus”, aponta o bispo, ao dizer que todas as particularidades do Reino de Deus estão descritas na Oração do Pai Nosso. “Essa oração que Jesus nos ensinou e que a propósito começa logo pedindo: “venha a nós, o Vosso Reino”.
O sacerdócio como um dom de Deus
Ao refletir sobre o Evangelho da sexta-feira (25) e que também foi proclamado no dia de sua ordenação presbiteral, Dom Pedro abordou sobre a realidade eclesial dos tempos atuais em comparação à época em que foi ordenado. “Ser padre era um grande dom, com aquela convicção de que não merecia, era frágil, mas Deus escolheu, de forma que a ação de graças brotava espontânea, a gratidão. Hoje, noto que para muitos é um direito. Eu tenho direito de ser padre”, exemplifica.
“Noto essa diferença e me pergunto o que será que aconteceu. O espírito de gratidão, o receber o ministério sacerdotal como dom e merecido ajuda a vivê-lo. Quando você recebe como um direito adquirido, estraga tudo. Não vai ser realizado no exercício do seu ministério”, alerta.
Dois modelos de sacerdote
Ele ainda disse que a meditação da Palavra de Deus nos coloca diante de dois modelos de sacerdote, que o próprio Jesus apresenta: “o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas e o mercenário funcionário, que faz sem amor, o seu trabalho pastoral. Lógico que, principalmente hoje, com essa Covid, com toda essa crise que vivemos, quem vai se dar bem com o padre é o pastor. O mercenário funcionário não vai conseguir sobreviver. Agora, o pastor que dá a vida vai se realizar, porque ele está disposto a imitar o que Jesus fez, no qual o nosso sacerdócio está inserido. Ele é o único Pastor”, salienta.
Povo de Deus parabeniza o pastor
Esse momento especial na vida de Dom Pedro foi prestigiado pelos membros da Igreja Particular de Santo André, entre eles, o vigário geral e pároco anfitrião, Pe. Joel Nery, o vigário episcopal para a Coordenação de Pastoral, Pe. Gonise Portugal da Rocha, padres, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, membros de pastorais, movimentos e associações, bem como fiéis leigos de toda a Diocese de Santo André.
Antes do encerramento da celebração, o vigário geral resumiu o sentimento dos diocesanos, numa palavra de agradecimento ao “sim” de Dom Pedro para os ministérios sacerdotal e episcopal, posteriormente, ao relembrar uma história ocorrida na primeira Reunião Geral do Clero de 2022, realizada na quinta-feira (24), quando num “lapso de memória”, o próprio Dom Pedro, às vésperas de celebrar os 44 anos de ordenação presbiteral, escreveu seu nome como “Padre Pedro” num pacote.
“Sinal visível de que o senhor continua vivendo o ministério ordenado no grau episcopal, mas sem esquecer-se que no diaconado, no presbiterado, o senhor vive o seu ministério de associação no sacerdócio do Cristo. Nossa gratidão como Diocese, por sua vida doada entre nós como ministro ordenado”, frisa Pe. Joel.
A coordenadora da Comissão Diocesana de Liturgia, Risocleide Matos, afirma que celebrar os 44 anos de vida sacerdotal do nosso bispo diocesano é uma benção em nossas vidas. “Louvado seja Deus por tê-lo escolhido para essa missão: pastorear parte do seu rebanho, e o faz com muito empenho, dedicação e amor, sempre presente entre nós”, salienta.
O seminarista do 1º ano de Filosofia, Jefferson Silva de Oliveira, acrescenta, em conclusão. “Dom Pedro, bendizemos e agradecemos a Deus pelo seu sim! Por seus 44 anos de vida sacerdotal. Experiências estas que vossa eminência vem nos transmitindo dia a dia. Com seu zelo de pai e pastor. O sacerdócio é e sempre será sinal e instrumento de um mundo mais profundo do invisível. Pois o sacerdote é aquele que está a serviço lutando pela salvação da humanidade.”