Cidade é, em primeiro lugar, uma das poucas do Estado que conseguem implementar políticas de promoção da igualdade racial; Incentivo à autodeclaração é aplaudido
Em 27 de outubro, data que remete ao Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, Márcia Damaceno, Coordenadora da Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR), ligada à Secretaria de Governo, e Yury Del Carmen Puello Orozco, responsável pelo Comitê Técnico da Saúde da População Negra e Outros Grupos Étnico-Raciais da Secretaria Municipal da Saúde, estiveram na Audiência Pública “Direito a Reparação e Ações para Atenção à Saúde da População Negra no Estado de São Paulo”, organizada pela Comissão da Verdade sobre Escravidão Negra do Brasil, da OAB/SP.
A proposta da audiência foi debater dificuldades que os municípios paulistas têm em implementar a Política Nacional de Saúde da População Negra.
Diadema, assim como Araraquara, participou como exemplo positivo de município que está implementando a política.
Com trabalhadores e gestores do SUS que conhecem e assumem esta preocupação.
“Foi um espaço super importante para mostrarmos o que temos feito nesta gestão,” afirmou Márcia Damaceno.
“Pude me encontrar com o assessor para Equidade Racial em Saúde do Ministério da Saúde, o pesquisador Luís Eduardo Batista, grande conhecedor dos estudos sobre o impacto do racismo na saúde, e ele falou sobre o recém lançamento do Boletim Epidemiológico ‘Saúde da População Negra. É preciso sempre lembrar que o racismo estrutural faz parte inerente da formação da sociedade brasileira e ainda faz com que a população negra ocupe lugares desiguais na sociedade. Muitas das doenças da população negra não são resultantes das suas genéticas, mas sim das condições socioeconômicas, culturais e educacionais e da desigualdade histórica de pobreza.”
Modelo
Ainda segundo a coordenadora, é justamente para alterar essa injustiças sociais e raciais que se faz necessário que o modelo de atenção, gestão e práticas da Secretaria Municipal de Saúde, adote as políticas de ações afirmativas da políticas de promoção da igualdade racial em saúde, iniciativa essa que foi apresentada na audiência.
Yury Orozco, do Comitê Técnico da Saúde População Negra de Diadema, apresentou como foi o processo de construção do comitê e quais ações foram realizadas.
Destacou, em suma, que o preenchimento do quesito raça/cor em todos os formulários de atendimentos é o grande desafio da Secretária Municipal da Saúde.
Ele vai desde da capacitação, formação continua dos profissionais da saúde, do Conselho municipal de Saúde e dos profissionais Saúde em Família para o entendimento das questões étnico raciais e ao enfrentamento do racismo institucional.
Foi apresentado o vídeo institucional da Prefeitura de Diadema em relação a campanha do preenchimento do quesito raça/cor que teve repercussão positiva dos participantes da audiência e foi muito aplaudido.
“A autodeclaração dos munícipes, seja em quaisquer serviços, de qualquer secretaria, é muito importante para o aperfeiçoamento das políticas públicas de enfrentamento ao racismo na cidade,” assinaou, da mesma forma, a coordenadora do CREPPIR.
“A população, ao se autodeclarar negra, demonstra o seu pertencimento e orgulho de suas raízes ancestrais e, ao mesmo tempo, como cidadã que luta para que haja respeito à diversidade étnica que compõe o povo brasileiro e combate todas as práticas racistas neste País”, afirmou, em conclusão.