Na noite desta quinta-feira (25.-5), a população de Diadema foi convidada pela Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR) ao Teatro Clara Nunes para comemorar o primeiro ano de vigência do Plano Municipal Decenal da Igualdade Racial.
O documento, único do gênero no ABCD, reúne, portanto, ações de diversas secretarias da cidade para enfrentar o racismo, o preconceito e a discriminação.
“A gente escolheu fazer a reflexão nesta data justamente por ser Dia da Mãe África, Dia do Continente Africano, um território esquartejado pelos imperialistas, que sugaram o sangue dos nossos antepassados,” afirmou, em resumo, Márcia Damaceno, coordenadora do CREPPIR.
“Hoje, somos filhos desta diáspora, que deixou grande legado na nossa cultura, nossa língua, nossa dança. Uma dança que celebra a vida, mas que também é uma dança de guerra, pois somos herdeiros de Zumbi e Dandara. Hoje, o planeta inteiro celebra a África e esta se torna também uma atividade de formação. Formação de orgulho, de autoestima, de luta por um planeta melhor”, disse ainda, da mesma forma.
Povo preto presente
O povo preto atendeu, acima de tudo, ao chamado, e estava em peso no teatro – desde estudantes do EJA até a vice-prefeita Patty Ferreira, passando por artistas, religiosos, pessoas idosas, LGBTs, crianças, vereadores e secretários municipais.
O padre Thadeus Obuya, do Campanário, que é originário do Quênia, fez questão de lembrar que esta data celebrava os 60 anos de fundação da Unidade Africana (hoje União Africana), idealizada como uma resposta ao colonialismo e a apropriação sem-fim de recursos africanos.
O capoeirista Mestre Pelé, presidente do GT Igualdade Racial no Consórcio ABC, que reúne as sete cidades da região, lembrou, além disso, que Diadema é a única cidade que está fazendo a lição de casa com relação à Igualdade Racial.
“A gente percebe o avanço de Diadema nas políticas públicas para esta população, ao trazer a população para discutir junto com o governo, colocar metas, cobrar as secretarias, prestar contas. É um exemplo que temos que levar a toda a região”, disse, em resumo.
Ano de conquistas
“Esse ano foi um ano de bastante conquistas nessa área,” comemorou, por exemplo, a vice-prefeita Patty Ferreira, a primeira prefeita preta a administrar Diadema, juntamente com o prefeito José de Filippi Jr.
“Temos coordenadoria e conselho, um comitê técnico de saúde da população negra, o programa Dandara e Piatã, cursos de capacitação para afroempreendedores, ouvidoria para receber denúncias de crimes raciais, formação para a Patrulha Maria da Penha acolher mulheres negras vítimas da violência, cotas de vagss em concurso para trabalhadores pretos e pretas… Isso tudo é uma conquista. A gente precisa se reconhecer, nosso povo precisa ter sua ancestralidade resgatada”, disse, em conclusão.
Ao relembrar o caso recente do jogador Vini Jr., que sofreu racismo durante uma partida de futebol na Espanha, Patty, da mesma forma, se emocionou.
“É isso o que a gente carrega o tempo inteiro, agressões, xingamentos. Então, quando acontece, é preciso mostrar. Chega de racismo, chega de violência, chega de desigualdade. Basta”, afirmou, em suma.
Da mesma forma, houve apresentações artísticas dos grupos Mulheres em Movimento e da população 60+ – ambas tendo como tema o legado de Elza Soares.