Coordenadora Márcia Damaceno apresentou os serviços da cidade para combater preconceitos e estimulou alunos a resolverem diferenças no diálogo
A Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR) esteve na quarta (13) na escola estadual Prof. José Fernando Abbud, no Serraria, para conversar com alunos do 8o do fundamental ao 3o ano do ensino médio, a convite da instituição. No total, cerca de 600 alunos participaram da atividade, divididos em quatro turmas nos turnos da manhã e da noite.
“Eu vim repartir um pouco das minhas experiências como militante do Movimento Negro,” explicou a coordenadora Márcia Damaceno, no início de sua fala. Ao longo de mais ou menos uma hora, ela discorreu sobre a importância de se assumir negra e sobre como foi por meio da militância que ela viu aumentar não só sua própria autoestima como a de toda a comunidade negra. “São debates, exposições, saraus e outros eventos que não só trazem para os jovens uma visão de mundo mais próximo do que eles sentem na pele como também combatem conceitos distorcidos e desinformações.”
Para o professor Antônio Alfredo Rodrigues de Oliveira, de Sociologia, trazer alguém ligado ao movimento para conversar com os estudantes é abordar assuntos que às vezes a própria escola tem limitações. “O racismo é um mal que foi construído em nossa sociedade desde o tempo da colonização, com o povo negro sendo subestimado, subjugado, desumanizado. A cultura que a sociedade conhece é a cultura branca, eurocêntrica. Mas exatamente por ser uma construção social, o racismo também pode ser destruído. E é importante os alunos entenderem isso.”
Os alunos e alunas, aliás, quase todos negros, participaram ativamente do bate-papo. Perguntaram o que fazer em casos de racismo na escola e se assuntos como racismo, colorismo, cotas, padrões de beleza poderiam continuar a ser discutidos pelo grêmio.
Segundo a coordenadora, esse é um assunto que a escola e os alunos não precisam esperar por alguém de fora para discutir. “Professores podem trazer esse assunto em sala de aula, em todas as matérias. E os próprios alunos, justamente por meio do grêmio, podem continuar esse debate e realizar atividades com esse tema,” sugeriu. “É assim que vamos aprendendo a importância de valorizar a cultura negra e eu quero ver vocês somando nessa luta. Quando a gente soma, a gente tem uma escola antimachista, antirracista, sem homofobia, sem xenofobia.”
Em caso flagrante de racismo, Márcia orientou os alunos a procurarem a direção da escola e prestarem queixa, de preferência com testemunhas e registros físicos, como fotos e vídeos, se houver. A própria escola pode tentar resolver o problema ou, em casos mais graves, levar o caso a uma delegacia. “O próprio aluno pode reunir todas as evidências e abrir um boletim de ocorrência”, comentou ela. “E também pode procurar a coordenadoria pois temos uma Ouvidoria para crimes de racismo, em parceria com a Secretaria de Justiça do Estado.”
“Mas a primeira coisa a se fazer é isso que estamos fazendo aqui: dialogar. Conversem entre si e com a escola, exponham o que os incomoda,” concluiu. “Se a conversa não funcionar, aí nos procurem.”
Serviço:
Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR)
E-mail: marcia.silveira@diadema.sp.gov.br