Consagrado no Brasil e na Europa, o grande violonista brasileiro Sebastião Pena Marcião, de nome artístico Sebastião Tapajós, morreu neste sábado (02.10).
Ele tinha 79 anos de idade e estava internado no Hospital da Unimed, em Santarém, Oeste do Pará
O artista teve um infarto agudo do miocárdio.
Nascido em Alenquer mudou-se para Santarém ainda pequeno. Começou ainda criança a estudar violão. Em 1964, foi estudar na Europa. Formou-se pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa, em Portugal. Na Espanha, estudou guitarra com Emilio Pujol e cursou o Instituto de Cultura Hispânica. Realizou recitais nesses dois países. Regressando ao Brasil, recebeu a cadeira de violão clássico do Conservatório Carlos Gomes de Belém, onde lecionou até julho de 1967.
Ao longo de sua carreira, o artista tocou com nomes conhecidos da MPB como Hermeto Pascoal, Jane Duboc, Zimbo Trio, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Sivuca, Maurício Einhorn e Joel do Bandolim, e internacionais como Gerry Mulligan, Astor Piazzolla, Oscar Peterson e Paquito D’Rivera.
Em 1998 compôs a trilha sonora do longa-metragem paraense Lendas Amazônicas.
Sebastião é um músico consagrado na Europa, onde se apresentou um sem-número de vezes durante as últimas décadas, particularmente na Alemanha, e já lançou mais de cinquenta discos. Tendo uma sólida carreira internacional, o violonista vem realizando todos os anos pelo menos duas turnês internacionais. Todos os seus discos têm sido relançados em CD em vários países.
Em 2005 estreou, ao lado da bailarina Carmen Del Rio, o espetáculo O Violão e a Bailarina, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. O show contou com a participação especial do contrabaixista paraense Ney Conceição.
Além de sua obra como instrumentista, é autor de várias canções, em parceria com Marilena Amaral, Paulinho Tapajós, Billy Blanco, Antonio Carlos Maranhão, Avelino V. do Vale e outros compositores.
Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Emílio Santiago, Miltinho, Pery Ribeiro, Jane Duboc, Maria Creuza, Fafá de Belém, Nilson Chaves, Ana Lengruber e Cristina Caetano, entre outros.
Segundo V. A. Bezerra, “o estilo de tocar de Sebastião Tapajós é vigoroso e incisivo, e o som que tira do instrumento é cheio e encorpado. Ele gosta de utilizar efeitos percussivos, variações de timbre (do som mais doce, tocando próximo à boca do instrumento, ao mais metálico, próximo ao cavalete do instrumento), sons harmônicos, repetição ritmada de acordes em ostinato e outros recursos”.[2]
Nos últimos anos da carreira, o violonista demonstrou um vigor impressionante, compondo um grande número de novas obras, experimentando novas estéticas e revisando sua vasta produção. Em 2010 fez a direção artística do álbum Cristina Caetano interpreta Sebastião Tapajós e Parceiros. Em seguida, em 2011, produziu e lançou os discos Cordas do Tapajós e Conversas de Violões, com o amigo e parceiro Sérgio Ábalos. Já em 2012 lançou Suíte das Amazonas e remasterizou o clássico Painel, uma de suas obras mais conhecidas em todo o mundo. Em 2013 lançou e realizou turnê nacional com o CD Da Lapa ao Mascote, e lançou o DVD Sebastião Tapajós e amigos solistas (2013).
Em 16 de maio de 2013, Sebastião Tapajós recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade do Estado do Pará (UEPA).[3] Ainda no mesmo ano, em 11 de novembro de 2013, recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).[4]
Sebastião Tapajós viveu, nos seus últimos anos, em Santarém, no Pará casado com Tanya Maria Souza de Figueiredo Marcião sua então esposa.
Em abril de 2017 foi criado o Instituto Sebastião Tapajós[5] com o intuito de divulgar e sistematizar a produção musical de Sebastião Tapajós. O endereço do sítio web é http://www.istapajos.org.br/