Joaquim Alessi
Necessário festejar a moderníssima conquista da Mocidade Alegre neste Carnaval Paulista de 2024.
Quem teve a rara felicidade de estar no setor 11 da arquibancada da Sapucaí em 1992, quando a Estácio ganhou o Carnaval do Rio com Pauliceia Desvairada, não pode deixar de comparar.
Mário de Andrade é, em primeiro lugar, o gênio dos gênios da cultura nacional, mesmo contestado por detratores invejosos.
Mas, a história se repete. O Modernisno de 22, questionado por iletrados metidos a revolucionários, incapazes de entender a revolução modernista.
Repetido na passarela em 1992, quando a Pauliceia Desvariada – quem diria? – deu aula de samba às escolas cariocas.
“No brilho da Estácio a desfilar, a brisa espalhar no ar – o quê? – um buquê de poesia…”
Na Pauliceia Desvariada fomos nós, fazendo poemas, cantando nossas emoções.
E em 2024, nova repetição, como tragédia para aqueles que imaginam a possibilidade de apagar a História.
Com a Brasileia Desvairada, a Mocidade, alegre, feliz, malandra, bonita, sagaz e faceira transforma de verdade os conceitos sociais.
Como cantou Dominguinhos da Estácio no brilhante e incomparável samba-enredo campeão de 92.
Bem diferente da arrogância pretensiosa de pseudointelectuais que imaginam uma escola que vai-vai mudar o nome da avenida São João, e acha que isso é revolução…
“Retalho de um delírio insano”, como cantou o verso do samba-de-enrado dessa mocidade.
Não dá para apagar a história após tantos fatos marcantes retratados nessa esquina com a Ipiranga, da dura poesia concreta.
Ou, como diz outro verso do atual samba: “Onde a dura poesia, me fez arlequim”.
Somos, sim, filhos “dessa terra, da garoa fina”, de novo, no delírio insano “sagrado e profano, por tantos Brasis”.
Portanto, salve a Mocidade!
Alegre, em conclusão e profusão de arte e cores e sabores.
Só mesmo Mário da Andrade para inspirar, acima de tudo, o refrão:
“O tambor me chamou, pra firmar no terreiro
Em cada verso, sentimento verdadeiro
Bordei um país de felicidade
Na voz da minha Mocidade”
@mocidadealegre