Órgão foi disponibilizado pelo sistema Cross e procedimento realizado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo
Abrir o portão de casa, brincar com o cachorro e rever a família são ações rotineiras, mas que ganharam extrema importância para o adolescente Luís Henrique Leal da Rocha, de 16 anos, que viu sua vida virar de cabeça para baixo em 40 dias.
Saudável, ele foi repentinamente diagnosticado, em primeiro lugar, com insuficiência hepática aguda.
Mas, contou com articulação bem-sucedida entre os gestores do CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André e da Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), de responsabilidade do Estado, para conseguir transplante de fígado que salvou sua vida.
Luís Henrique mora no Parque Gerassi, em Santo André, com a mãe, Cristiane Leal, o pai, Luciano Bueno da Rocha, e as irmãs Ana Beatriz, de 18 anos, e Alessandra, 14.
Olhos amarelados
No início de março ele sentiu-se fraco na escola e sua namorada, Letícia Peralta, 15, percebeu que os olhos do garoto estavam amarelados.
Deste momento em diante foram diversas idas e vindas a consultórios médicos e exames até que a equipe do CHM fechou o diagnóstico.
Como o fígado já não funcionava, apenas um transplante, acima de tudo, podia salvar o jovem.
Por meio de procura pelo sistema Cross, foi localizado um órgão disponível no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para onde Luís Henrique foi transferido.
Cirurgia de 10 horas
A cirurgia, realizada em 6 de abril, durou aproximadamente dez horas.
O adolescente teve alta no dia 15, quando pôde voltar para casa e matar a saudade da família e do Floquinho, o cachorro de estimação.
“Eu sentia muita saudade das minhas irmãs. Fiquei muito tempo inconsciente, sedado, e quando acordei já estava no hospital e transplantado. Foi tudo muito rápido. Nunca tinha tido nenhum problema no fígado e em 40 dias tudo isso aconteceu comigo. Mas acredito que tenha um propósito que é se aproximar das minhas irmãs. Nós brigávamos muito e agora estamos bem mais unidos”, conta, em resumo, Luís Henrique, que também ficou 40 dias longe da namorada.
Grande trabalho
O desfecho do caso de Luís Henrique foi, portanto, muito comemorado no CHM.
“Foi um grande trabalho em equipe que mobilizou toda a UTI e os gestores do CHM. A articulação com o sistema Cross foi feita de forma muito eficiente, o que nos permitiu dar ao adolescente uma nova chance. Tudo isso só foi possível graças ao trabalho de qualificação que temos feito com os funcionários do hospital municipal, que estão cada vez mais capacitados para lidar com demandas complexas”, destaca, em suma, o secretário de Saúde de Santo André, Gilvan Junior.
Luciano Rocha, pai de Luís Henrique, comemorou, da mesma forma, o sucesso do procedimento.
“Tivemos verdadeiros anjos no CHM de Santo André, a doutora Ana (Helena Andrade, médica intensivista da UTI) e a doutora Andressa (Pereira do Nascimento, médica plantonista da UTI), a quem sou muito grato. Elas foram fundamentais para que meu filho estivesse vivo. Um dia a mais e ele não estaria mais aqui conosco”, recorda, em resumo, o pai.
Além da equipe médica, também participaram do atendimento equipes de enfermagem e fisioterapia, entre outros profissionais.
Monitoramento
Mesmo com alta, Luís Henrique tem realizado uma série de exames de rotina para monitorar a aceitação do organismo a um novo órgão.
“Ele terá que seguir uma dieta específica e não poderá fazer atividades físicas. Mas estamos muito felizes. Tudo aconteceu uma semana depois de o meu filho ter completado 16 anos, podemos dizer que ele nasceu outra vez”, celebra o pai.
“Foi um processo muito bem executado entre CHM e o sistema Cross. Conseguimos realizar o diagnóstico preciso e acompanhamos o caso com as nossas equipes multidisciplinares até que fosse aceito em algum hospital para a realização do transplante. Por trás desta história feliz tem todo um time que trabalhou coeso e sem falhas”, comemora, em conclusão, o gerente médico do CHM, Misael Artemis Basso Blanco.