O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Caps IJ) de Santo André foi palco na sexta-feira (28.04) da primeira edição do Sarau Barulho, grupo terapêutico criado com a finalidade de estimular criatividade, protagonismo e pensamento crítico, além de desenvolver a autonomia, expressões e manifestações culturais dos participantes.
“Estamos constantemente inovando no cuidado com os munícipes e criando diferentes atividades terapêuticas para os usuários da saúde mental. O resultado tem sido surpreendente. O sarau dá espaço para o usuário se expressar, seja por meio de música, poesia ou da maneira que ele se sentir confortável. A atividade garante que o usuário tenha mais independência, segurança, além de fortalecer o vínculo com o serviço”, pontuou o secretário de Saúde, Gilvan Junior.
Ao som das palmas empolgadas da platéia, composta por quase 100 pessoas entre usuários, profissionais e familiares, a iniciativa foi aberta com apresentação do avô de uma usuária declamando uma música de Jair Rodrigues. Em seguida foram realizadas apresentações de dança, música e poesia.
O evento contou ainda com a animação do grupo Cativa Samba, que contagiou todos os presentes com muita alegria e samba no pé. Os Caps de São Mateus e de Mauá também foram participar e prestigiar o evento.
Há três anos, após a perda do filho, a manicure Neuza Xavier de Oliveira, de 65 anos, entrou em depressão e procurou os serviços do Caps.
“Eu chorava demais, não dormia, não queria mais me cuidar. O Caps me ajudou muito e sou muito grata. Hoje faço parte do sarau e descobri minhas habilidades com a poesia. Entrei com depressão e hoje sou uma pessoa segura e animadíssima”, disse a moradora da Vila Guarani, que estava com a nora Ianque Rocha e o neto Ian Rocha, de 7 anos, que é acompanhado pelo Caps IJ.
Emocionada ao ver a alegria do filho, que pouco interagia antes de iniciar o acompanhamento no Caps, e da sogra, que estava impecavelmente arrumada e aguardando a vez para a apresentação, Ianque falou sobre o sentimento de gratidão por ver a transformação em sua família após o acompanhamento no serviço.
“Minha sogra tem uma força extraordinária dentro dela e é a nossa rede de apoio para o cuidado com nossos filhos. Como o Ian vê que ela também faz uso do Caps e está ficando bem, ele tem orgulho de também frequentar e gosta de participar. Ele melhorou muito, percebi grande evolução na questão comportamental e de respeito com outras pessoas”, disse Ianque Rocha.
Para a psicóloga e coordenadora de Saúde Mental, Marines Santos de Oliveira, o campo do sofrimento psíquico ainda é permeado por muitos estigmas e preconceitos. “A ideia do Sarau Barulho, totalmente produzido pelos profissionais e usuários do Caps Infantohuvenil, é o convívio com todos em suas mais diversas diferenças e possibilidades. Trata-se de ampliar as relações, fortalecer os vínculos e o protagonismo, pilares da clínica psicossocial. Proporcionar que os usuários se apresentem de um lugar de pulsão de vida, através da música, da arte e da cultura”, explicou, em conclusão.