“Brasil está vazio na tarde de domingo, né? Olha o sambão, aqui é o país do futebol Brasil”, cantou Simonal.
E a canção vem à mente, em primeiro lugar, quando as arquibancadas começam a deixar de ficar vazias, para abrigar ainda uns gatos pingados, numerados, em geral endinheirados, capazes de pagar preço de camarote para testemunhar peladas abaixo do sofrível.
O futebol brasileiro, de verdade, morreu há décadas. Muitas décadas.
Você tenta ver algo depois de 70, se tenta, mas fica difícil.
Nem a seleção derrotada idolatrada de 82, de Telê, aplaca, por exemplo, a falta de talento dos gols de placa.
Saudosismo? Não. Basta olhar os números (embora jornalista seja muito ruim nisso), e o saldo é desolador.
Se 82 é ruim, o 71, ou o 7 a 1, foi o auge da incompetência.
Felipão com manteiga.
E hoje, Tite com titica… nem é “mais canja de galinha, arranja outro time pra jogar com a nossa linha”.
É a desmoralização, mesmo.
Números
O futebol brasileiro está tão ruim que o líder do campeonato nacional na 23ª rodada (quando este texto é redigido) disputou 69 pontos e conquistou apenas 50: nota 7,2. Ou seja, passaria raspando se fosse na época da escola séria do nosso querido grupo escolar, onde 7 era a mínima nota possível, e mesmo assim o aluno era chamado de burro.
Para piorar, o segundo colocado (teoricamente o segundo melhor time do Brasil) disputou 63 (sim, porque na bagunça do calendário a ordem das partidas varia de acordo com o interesse dos cartolas) e conquistou 39; o que dizer da nota 6,1?
E o terceiro? Disputou 69, e só conseguiu 39. Nota 5,6!!!
O terceiro time do Brasil tem aproveitamento de 56% nos jogos.
Alguém ainda dúvida que o futebol brasileiro morreu?
Bem, as arquibancadas podem até, em conclusão, voltar a ter público.
Mas, o Brasil está vazio de futebol…