Audiência no STF discute a privatização de cemitérios em São Paulo; entenda

In ABCD, Canto do Joca On
- Updated

A pedido do ministro Flavio Dino, assembleia está marcada para esta quinta (5) para discutir taxas praticadas por empresas de serviços funerários

A audiência de conciliação marcada pelo ministro do STF, Flávio Dino, para tratar da privatização dos serviços funerários e de cremação em São Paulo, será realizada nesta quinta-feira (5).

Em agosto deste ano, a Prefeitura de São Paulo definiu as concessionárias responsáveis pela administração de 22 cemitérios municipais pelos próximos 25 anos – dois deles mais conhecidos, o da Consolação e o do Araçá. Entretanto, desde que a iniciativa privada assumiu a atribuição da gestão, o serviço tem sido alvo de reclamações que vão desde a cobrança por preços abusivos para velórios e sepultamentos até a falta de transparência quanto à gratuidade pela manutenção.

A pedido do PC do B, o ministro do STF, Flavio Dino, havia decidido pela retomada dos preços anteriores praticados pelos serviços funerários. De acordo com Rafael Marinangelo, pós-doutor pela Faculdade de Direito da USP e especialista em Infraestrutura e Processos Licitatórios, o partido entrou com uma medida judicial que visa a proteger alguns princípios constitucionais. “Neste caso, o princípio tutelado é o da dignidade da pessoa humana. Alega-se que a concessionária dos serviços públicos funerários estaria praticando preços muito maiores do que aqueles praticados quando a atividade era exercida pela própria prefeitura de São Paulo”, explica o advogado.

De acordo com o alegado pelo PC do B, os preços são bem maiores a ponto de se tornar impeditivo a boa parte da população. Por conta disso, o PC do B entrou com a denominada “ação de descumprimento de preceito fundamental”, que submete ao Poder Judiciário a avaliação de uma norma que esteja em contradição com a Constituição quando viola direitos fundamentais.

No caso, os preços cobrados pelas concessionárias devem ser atualizados pelo IPCA. “Para que isso? Exatamente para viabilizar a utilização do serviço funerário por qualquer pessoa, mesmo as mais desfavorecidas economicamente e que, por isso, não conseguem arcar com os custos atualmente praticados pela concessionária.  Flávio Dino, em sua decisão, pondera que caberá à municipalidade de São Paulo adotar as medidas para fazer prevalecer a ordem judicial, inclusive, se julgar necessário, revogando a concessão”, acrescenta Marinangelo.

O especialista ressalta que se faz necessário ter mais critério na formatação das concessões. “Rigor sempre é necessário. O problema das concessões é que ela visa transferir o serviço público para um particular. Mas para que possa atrair o interesse do particular para assumir aquele determinado serviço, o Poder Público deve montar uma equação economicamente vantajosa. O particular não ingressará numa determinada gestão se não for economicamente vantajosa. Isso é evidente e é normal em qualquer atividade econômica”, defende Marinangelo, dizendo ser necessário avaliar se, na concessão do serviço público funerário, houve erro de formatação ou se essa foi a única estruturação econômica possível para tornar a concessão atrativa à iniciativa privada.

You may also read!

Clube União Lyra Serrano, em Paranapiacaba, será restaurado

Prefeitura de Santo André assinou termo de cooperação técnica com Instituto de Cultura Democrática para recuperação de prédio histórico A

Read More...

São Paulo paga o preço da rede elétrica obsoleta

Verão e chuvas intensas reacendem o debate sobre a necessidade de redes subterrâneas para modernizar o sistema e evitar

Read More...

Florestan Fernandes amplia e democratiza oportunidades de qualificação profissional em quatro anos

Fim de prova de admissão, criação de núcleos descentralizados de formação e parcerias para ofertar cursos técnicos contribuíram para

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu