Pequena Maria Fernanda ficou três meses intubada e seguiu lutando pela vida com apoio e torcida da família e dos profissionais de saúde
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O Hospital da Mulher de Santo André protagonizou na sexta-feira (10.06), acima de tudo, verdadeira cena de vitória e superação.
Foi com a alta da pequena Maria Fernanda, bebê que, em primeiro lugar, estava havia cerca de sete meses lutando pela vida na UTI neonatal.
Um ano e meio após ter passado por um aborto espontâneo, a professora Mariluce Aparecida da Silva, de 34 anos, descobriu a sua segunda gestação, que transcorreu bem até o quinto mês.
“Como eu já havia apresentado problema de pressão na primeira gestação, constantemente eu monitorava e no sexto mês comecei a ter alteração na pressão e fiquei mais atenta. Em novembro fui diagnosticada com eclâmpsia e síndrome de HELLP e a única coisa que poderia ser feita era o parto, para preservar a vida da bebê”, explicou, em suma.
“Ela nasceu praticamente sem pulmão por ser prematura extremo. A bebê ficou três meses intubada e depois ela continuou com oxigênio”, completou, em resumo, a mãe.
Angústia
Durante esse período, de muita angustia para família, Mariluce se apegava à sua fé e buscava forças para passar apenas boas energias pra sua filha.
“Sempre que eu chegava aqui (no hospital), eu queria passar apenas alegria para minha filha, ela precisa disso todos os dias. Às vezes eu chorava em casa ou num cantinho para que ela não sentisse a minha tristeza e medo de não saber como seria o próximo dia. Desejo muita fé para as mães que estão passando pelo que passamos, pois a fé foi o que nos sustentou, nos manteve até aqui e nos permitiu aguentar até hoje”, disse, por exemplo.
O médico Guilherme Belmonte trabalha com prematuros extremos na UTI neonatal do Hospital da Mulher há sete anos.
Ele falou, portanto, sobre a evolução do caso clínico da pequena vitoriosa.
“A Maria Fernanda nasceu prematura extrema, com cerca de 500 gramas e com 25 semanas. É um processo sempre longo que tem muitos percalços. Neste casos, temos que fazer tudo o que deveria ser feito em sua formação dentro do útero, mas do lado de fora, com mecanismos tecnológicos. O principal problema, na maioria das vezes, é o quadro infeccioso que a gente não consegue controlar porque eles estão expostos no ambiente e ela teve várias intercorrências nesse sentido, mas ela conseguiu evoluir clinicamente de forma estável, ganhar peso e depois de alguns meses está indo para casa. Foi um sucesso de tratamento”, assinalou, da mesma forma.
Banco de Leite Humano
Segundo o médico, o Banco de Leite Humano, instalado no Hospital da Mulher, é fundamental para garantir a vida dos bebês internados.
“Ela saiu com 2,8 quilos e isso foi possível pois temos um ótimo banco de leite que consegue fornecer o leite humano pasteurizado com caloria adequada para esses bebês que, muitas vezes, não toleram fórmulas. Se não houvesse esse conjunto todo, não conseguiríamos fornecer condições para esses bebês. É um tratamento multidisciplinar que envolve toda a equipe”, explicou.
Vários profissionais
Durante o período que esteve internada, Maria Fernanda recebeu o cuidado de vários profissionais do hospital que se apegaram à bebê.
“Ela era bem pequeninha e era o xodó da equipe toda. É muito gratificante ver ela tendo alta. A mãe sempre foi muito presente e estamos muito felizes por essa vitória dela”, comentou, além disso, a supervisora de enfermagem, Liliane Nobre de Almeida Souza.
No momento da alta, todos os profissionais que cuidaram da bebê se reuniram no corredor do hospital e cantaram a música “Milagre da Vida”.
Com cartazes com frases positivas, os profissionais se despediram dos pais e da pequena, que agora vai receber o carinho de toda família no quarto novo.
“Toda hora passa um filme na nossa cabeça, desde o momento que eu a vi até agora. Hoje é o dia mais feliz da minha vida, apesar das dificuldades, a alegria de ver minha filha indo bem pra casa supera tudo. O pessoal do hospital é muito atencioso e a gente via o carinho e a dedicação que eles ofereceram. No começo tínhamos receio, mas nossa fé foi aumentando vendo como ela estava sendo bem cuidada e conseguíamos dormir tranquilos sabendo que ela estava em boas mãos. O bercinho dela já está pronto e agora vamos só festejar a vida dela”, disse, em conclusão, o pai, o educador físico Carlos Henrique do Nascimento Filho.
Busca por doadores
Dos 42 bebês que estão na UTI do Hospital da Mulher, 28 fazem uso do Banco de Leite.
“Esse leite materno recebido para quem doa pode ser pouco, mas para nós toda gota importa, o bebê recebe um ou dois mililitros. Esse leite vai salvar a vida do bebê internado na UTI neonatal e permitir que ele tenha uma vida melhor, diminuindo a mortalidade infantil”, explica a supervisora do Banco de Leite do hospital, Luciene Barbosa dos Santos.
Apesar de contar com 37 doadoras fixas, o hospital constantemente trabalha na busca ativa de novas doadoras para garantir o abastecimento do estoque.
Cada frasco com 300 ml pode beneficiar até 10 bebês.
Mas, pessoas que fazem uso de bebidas alcoólicas, cigarro, receberam transfusão sanguínea ou tenham sorologia inadequada não podem doar.
Como doar
O Banco de Leite Humano do Hospital da Mulher atende de segunda a sexta, das 8h às 18h.
Para doar, é preciso ligar no telefone 4478-5048 ou 4478-5027.
É realizado um cadastro e agendada uma visita à casa da doadora para o recolhimento do leite.
A mãe deverá retirar o excedente e armazená-lo segundo orientações.
Todo o leite doado passa por um processo de pasteurização e é submetido a controles de qualidade antes de ser distribuído aos bebês prematuros e outros bebês que são clinicamente impossibilitados de recebê-lo do seio materno.
Há também serviços de orientação e tira-dúvidas sobre aleitamento materno.
O hospital também recebe doação de frascos de vidros com tampas de plástico, como os de maionese ou café solúvel.
Esse material é esterilizado e seguro, pois é resistente ao congelamento e descongelamento.
O processo faz com que o leite não perca seus nutrientes e a tampa de plástico evita que se acumulem cheiro e resíduos.