Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo de Santo André
Em 16 de julho de 1931 o papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida padroeira do Brasil. A solenidade que oficializou o decreto foi realizada em 31 de maio de 1931, a noventa anos, portanto. Nesta ocasião a imagem foi levada de Aparecida para o Rio de Janeiro, então capital federal. Ali, diante de uma multidão e das autoridades da Nação, foi feita a proclamação e a consagração do Brasil a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, sob a invocação de Aparecida.
Desde 1980 por força de um decreto federal (N. 6.802), o dia 12 de outubro é feriado nacional, para comemorar o dia da Santa. Esta imagem de cor negra foi encontrada por três pescadores nas águas do Rio Paraíba em 1717. Desde então sua devoção aumenta a cada dia. Aparecida, mora no coração dos brasileiros como “Mãe Aparecida”. A ela recorrem multidões durante todo o ano, visitando seu santuário na cidade de Aparecida-SP.
Esta devoção tem sido uma força e um conforto para o povo brasileiro e não somente para os católicos. São muitos os devotos. A imagem de barro encontrada quebrada (a cabeça separada do corpo), bem ilustrava a sociedade escravocrata da época. A escravidão vigorava com todos os seus horrores, e os escravos não tinham a quem recorrer; Assim como a camada mais pobres e miserável da população. Este símbolo de mãe que sofre junto, acolhe e conforta, que intercede a Deus e ampara seus filhos, foi poderoso. E continua sendo hoje, em um pais que retrocede e se encontra dividido, sem rumo, sem esperança.
Não se pode desprezar o poder dos símbolos. Eles falam mais que mil palavras e discursos. E esta pequenina imagem tem a força de falar aos corações dos brasileiros. Falar uma palavra de amor de mãe que dá coragem e amparo. Isto é tudo, isto basta!
Entre os santos de Deus está em destaque Maria a mãe de Jesus, o filho de Deus (cf. Mt 2,1; Mc 3,32; Lc 2,48; Jo 19,25). É com a Bíblia na mão que chamamos Maria de Nazaré bem-aventurada. O povo a louva porque Deus a escolheu para ser mãe de seu filho encarnado. Ela é bem aventurada porque acreditou! No Brasil são inúmeras as igrejas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida. Ela empresta o nome a muitas instituições de caridade e são muitas as pessoas que levam seu nome: Aparecidas e Aparecidos por este Brasil afora.
Esta veneração a Nossa Senhora não é idolatria mas se fundamenta na palavra de Deus. O Espírito Santo inspirou Isabel para reconhecer Maria como mãe do Salvador e bem-aventurada (cf. Lc 1,41-42;45). Ela recebeu de Deus a plenitude da graça, por isso é saudada pelo anjo como “cheia de graça” (cf. Lc 1,28). Em Maria, a Igreja venera a realização mais pura da fé em Jesus Cristo. Todos os que realmente amam Jesus Cristo, amam sua mãe. Se o fruto é bom, a árvore é boa também.
Nossa Senhora Aparecida não nos afasta de Jesus, pelo contrário, pede-nos que o sigamos: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Ela não é o centro da fé, o centro é Deus que se manifesta em seu Filho Jesus. Maria, porém, faz parte deste centro. Ela é o local onde Deus se fez carne. A porta pela qual ele quis passar para entrar na humanidade.
Nosso povo, com o sensus fidei, intui tudo isto e tem veneração e devoção por Maria. Por isso clama: “Dai-nos a bênção, ó mãe querida Nossa Senhora Aparecida”.