No aniversário de 468 anos da cidade, espaço cultural recebe restauro das 468 poltronas;
Outras melhorias estão previstas para o equipamento, reconhecido por sua acústica perfeita
Principal espaço cultural da cidade, o Teatro Municipal de Santo André completa 50 anos de sua inauguração nesta terça-feira (13).
A data é marcada por melhorias no espaço realizadas pela Prefeitura, entre elas o restauro de todas as poltronas.
“O Teatro Municipal Flavio Florence é um dos equipamentos culturais mais importantes da nossa cidade. Palco de grandes espetáculos, faz parte da memória da nossa gente. Por isso, é mais um símbolo que Santo André resgata. Quando a pandemia passar, o Teatro Municipal estará pronto para receber novas atrações e a continuar a fazer parte da vida dos andreenses”, afirmou o prefeito Paulo Serra.
Rino Levi e Burle Marx
O projeto arquitetônico do Teatro Municipal andreense foi elaborado, juntamente com o conjunto do Centro Cívico, pela empresa Rino Levi Arquitetos Associados e pelo paisagista Roberto Burle Marx, vencedores de um concurso público para projetos lançado pela Prefeitura em 1964.
A proposta foi aprovada no ano seguinte. A construção durou quatro anos, mas a entrega do espaço, adiada por duas vezes, só aconteceu em 1971 (no primeiro governo do Dr. Newton Brandão), quando os equipamentos, importados, já estavam devidamente instalados.
Um dos destaques do local certamente é a acústica, considerada perfeita e elogiada por atores, produtores e técnicos.
O projeto é de Igor Sresnewsky, arquiteto com vasto currículo especializado em trabalhos acústicos para teatros.
As instalações teatrais ficaram a cargo de Aldo Calvo, cenógrafo de renome internacional em montagem de teatros.
“Guerra do Cansa Cavalo”
A inauguração foi realizada em grande estilo em 13 de abril de 1971, com a estreia da peça “Guerra do Cansa Cavalo”, texto de Osman Lins com produção do Grupo Teatro da Cidade (GTC).
A apresentação contou com a participação de atores como Antonio Chiarelli, Antonio Petrin, Augusto Maciel, Claudio Corrêa e Castro e Sonia Guedes.
A programação especial seguiu durante aquele mês com a apresentação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, do Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo, do Coral Paulistano e da Orquestra Jovem de São Paulo.
Palco de apresentações e espetáculos teatrais de renome nacional desde o primeiro dia, nestes 50 anos o Teatro Municipal recebeu ainda shows musicais nacionais e internacionais. O espaço é ainda a casa da Orquestra Sinfônica da cidade desde sua criação, em 1987, além de reuniões e encontros dos mais diversos temas.
Melhorias
No mês em que o teatro completa 50 anos, a Prefeitura de Santo André entrega algumas das melhorias previstas para o espaço.
A principal, a restauração das poltronas entregues na quinta-feira (8), no aniversário de 468 anos da cidade.
O restauro resgatou, portanto, o desenho original das poltronas, elaborado pelo designer-arquiteto Jorge Zalszupin para a empresa L’Atelier.
“O Teatro Municipal é um símbolo de Santo André. É muito especial podermos realizar, neste marco dos 50 anos, melhoria tão significativa como o restauro das poltronas, demanda expressiva do público”, explicou a secretária de Cultura, Simone Zárate.
O trabalho incluiu desde o tratamento da estrutura, assentos rebatíveis, enchimento em espuma D30 e o revestimento em couro ecológico cor Orion Ocre, tom original à época da inauguração do teatro.
O total de 468 lugares inclui, além disso, seis destinados para pessoas obesas e foram mantidos ainda os dois espaços na tribuna para cadeirantes.
Outro serviço já executado no importante espaço cultural da cidade foi a troca da cobertura do teatro. Estão previstas ainda outras ações, como a impermeabilização, revitalização do saguão, readequação da bilheteria, revitalização e readequação do sistema de iluminação cênica e sonorização e da iluminação ambiente, além da garantia de acessibilidade total ao público.
Estrutura
O Teatro Municipal foi construído em forma hexagonal.
Conta com três palcos de funcionamento simultâneo, sendo que a abertura da boca de cena do palco central é regulável de acordo com as exigências do espetáculo a ser montado.
As dimensões chamam a atenção: o palco central tem 200 metros quadrados, com abertura e profundidade de 12 metros, altura de 6 metros com urdimento de 17 metros; os dois palcos laterais têm 162 metros quadrados cada um, abertura de 11 metros, profundidade de 10 metros, altura de 6 metros e altura com urdimento de 14,5 metros.
Há, além disso, um fosso para orquestra com capacidade para 45 músicos e maquinário para movimentação automática de cenário.
Tombamento
O Teatro Municipal, como item que compõe o conjunto do Centro Cívico de Santo André, foi tombado como patrimônio cultural do Estado de São Paulo.
Isso deu-se, em primeiro lugar, pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) em 8 de abril de 2013.
Além disso, o Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André) tombou-o em 19 de outubro de 2016.
A medida, portanto, reforça ainda mais a importância desse espaço como local da expressão da produção cultural e de lazer para a comunidade.
Homenagem
Em 2019, o nome do teatro, antes Antônio Houaiss, mudou para, acima de tudo, homenagear um dos mais importantes artistas da cidade.
O atual Teatro Municipal Maestro Flavio Florence faz uma justa homenagem ao regente que esteve à frente da Orquestra Sinfônica de Santo André (Ossa) por 20 anos, de 1988 até seu falecimento em 2008.
A iniciativa, em primeiro lugar, partiu dos músicos e do atual maestro regente da Ossa, Abel Rocha.
A alteração do nome foi debatida, portanto, com representantes do setor cultural da cidade. Posteriormente, realizou-se um abaixo-assinado virtual.
A proposta foi discutida, da mesma forma, com os vereadores na Câmara Municipal. O projeto de alteração, elaborado pelo Executivo, foi aprovado por unanimidade pelo Legislativo.
Memória e História
Para celebrar o cinquentenário do Municipal, será lançada ainda em abril a série ‘Teatro Municipal: Memória e História’, que reúne mais de 30 depoimentos de personagens que marcaram estas décadas.
São, em suma, funcionários, atores, músicos, dançarinos e produtores, reunindo nomes como Augusto Maciel, Celso Frateschi, Antônio Petrin, Sérgio Guizé e Luis Alberto de Abreu.
Os relatos, em conclusão, farão parte da agenda ‘Cultura em Casa SA’ e serão disponibilizados em playlist no canal da Secretaria de Cultura no YouTube.