Joaquim Alessi
A advogada Gabriela Mansur afirmou no final da tarde desta segunda-feira (31.07) que vai pedir a cassação do mandato do deputado estadual Luiz Fernando (PT) sob a acusação de “violência política” contra a deputada estadual Carla Morando (PSDB).
A afirmação foi feita em entrevista coletiva ao lado da parlamentar, em São Bernardo do Campo.
Carla relatou, além disso, ser essa a segunda vez que o petista a agride “com machismo e misogenia”.
Mas, na oportunidade anterior, em seu primeiro mandato, a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa arquivou a representação.
Segundo Carla Morando, Gabriela Manssur tratará do caso das declarações consideradas machistas proferidas a seu respeito.
A parlamentar e advogada responderam aos questionamentos dos repórteres e destacaram a importância de punição em todos os casos de violência política contra as mulheres.
Outras possibilidades de ações são estudadas pela advogada, como indenização por danos morais, mas ela preferiu não adiantar as medidas para não dar munição aos adversários nos processos.
Ofensas
Na entrevista, a parlamentar relatou o sofrimento ao ser vítima de ofensas proferidas pelo deputado Luiz Fernando.
Em recente entrevista a um jornal do ABCD, ele afirmou que a única grande obra do atual prefeito, Orlando Morando, foi “eleger e reeleger” a esposa, deputada estadual Carla Morando.
“Atuo na política fazendo o bem para as pessoas e contra qualquer forma de preconceito ou machismo. Tenho méritos como mulher e estou aqui para fazer política para todos e pelo bem de todos. Em especial, defendo os direitos de todas as mulheres e diante dessas declarações manifesto indignação porque o que ele fez atinge a todas nós mulheres, mães, filhas, cidadãs que lutam por uma sociedade melhor e são representantes do povo. Precisamos dar um basta na violência política contra as mulheres”, disse, em resumo, Carla Morando.
Justiça de Saia
Escolhida pela deputada para tratar do caso, Manssur é presidente do Instituto Justiça de Saia.
Desde 2011 o instituto é pioneiro na implementação de projetos sociais e políticas públicas sobre Direitos das Mulheres.
Gabriela Mansur foi promotora de Justiça, especializada em Direitos das Mulheres, e teve atuação de destaque no caso do médium João de Deus.
O famoso líder espiritual de Goiás foi condenado por assédio sexual depois que o Ministério Público recebeu mais de 500 denúncias de mulheres em diversos países.
“Eu defendo os seus interesses, Carla, não só por ser você, mas por defender os direitos das mulheres porque quando atacam uma de nós, todas nós somos atingidas. Temos capacidade e legitimidade para ser o que quisermos ser e estar onde queremos estar. A Carla foi votada, votação legitima e significativa, com grande peso, a mais bem votada de São Bernardo, extremamente respeitada pelo sistema de justiça também, extremamente competente. O lugar da deputada Carla e de todas as mulheres que querem é estar na política com respeito e dignidade”, citou, em suma, a advogada.
“Merecemos respeito”
“Como disse a Carla, nenhuma mulher gosta de ser tratada como objeto e nenhuma mulher merece isso. Merecemos respeito e sermos tratadas como cidadãs de primeira categoria principalmente por aquelas pessoas que cumprem um cargo eletivo que deveriam ser os precursores do combate à violência contra a mulher, os exemplos para a sociedade e não as pessoas que comentem violência”, ressaltou Manssur, que ainda destacou o fato das dificuldades enfrentadas por mulheres que são mães e sofrem ataques na política.
“Nós mulheres que somos mães quando somos atacadas em nossa honra, em nossa dignidade por termos escolhidos um caminho e neste caso o caminho da política nos sentimos culpadas pelo ataque aos nossos filhos que indiretamente são abalados emocionalmente. A deputada Carla tem dois filhos adolescentes, um menino e uma menina, que certamente estão sentindo a dor de ver a mãe ser comparada com uma obra em jornal”, salientou.
Concluindo, a advogada ressaltou que serão tomadas todas as medidas cabíveis para que a justiça seja feita diante do caso que repercutiu na imprensa e significa mais um ataque machista entre outros que integram os altos índices de violência contra a mulher no país contribuindo para o aumento significativo de agressões que fazem com que as mulheres se sintam afastadas e alijadas do meio político por sofrerem violência.
“Isso não atinge só as mulheres, mas toda a sociedade porque há falta de representatividade das mulheres no sistema político, no sistema de justiça, nos cargos de poder e liderança no país”, explicou, em conclusão.