Jovem escritora Malu Lira ensina as crianças a lidar com o dinheiro e como usar, acima de tudo, o que foi guardado durante este ano
Depois de um ano inteiro juntando moedas, notas dobradas e pequenos valores recebidos em datas especiais, dezembro costuma trazer, em primeiro lugar, um dos momentos mais esperados entre as crianças: a hora de quebrar o cofrinho.
Esse momento pode ser importante, por exemplo, para ensinar as crianças a empregar melhor o dinheiro.
Principalmente num momento de consumo desenfreado como o Natal.
Para Malu Lira, escritora e influenciadora de educação financeira voltada a crianças e jovens, usar o dinheiro guardado é tão importante quanto aprender a economizar.
E esse instante pode transformar-se em poderosa aula prática sobre dinheiro, escolhas e consequências.
Aos 15 anos, a criadora do canal Malu Finanças defende que o aprendizado financeiro só se confirma quando a criança entende o ciclo completo do dinheiro.
“Guardar é importante, mas saber quando e como gastar também faz parte da educação financeira. É nesse momento que a criança aprende a decidir”, afirma.
Segundo Malu, o erro mais comum dos adultos é tratar o gasto como algo negativo.
“Quando a criança quebra o cofrinho, muitos pais já dizem que não pode gastar tudo ou que vai se arrepender. O ideal é transformar esse momento em conversa, não em bronca”, explica.
Para ela, gastar de forma consciente ajuda a criança a entender valor, prioridade e limite.
A jovem autora orienta que os pais participem ativamente desse processo, ajudando a criança a planejar o uso do dinheiro.
“Vale perguntar: você quer gastar tudo agora ou guardar uma parte? Há quanto tempo você quer isso? Se você não gastar este dinheiro agora, vai conseguir guardar para alguma outra coisa que quer mais no futuro?”, sugere.
Consequências
Esse tipo de diálogo, segundo Malu, ensina que toda escolha financeira envolve uma ação no presente que traz ou tira algo do seu eu do futuro.
Outro ponto importante é permitir que a criança viva as consequências das próprias decisões.
“Se ela gastar tudo em algo que depois não era tão importante, isso também é aprendizado. Errar pequeno agora evita erros grandes no futuro”, diz.
Para Malu, proteger demais impede do pequeno criar um senso criativo e desenvolver um bom pensamento financeiro.
A influenciadora também destaca que “quebrar o cofrinho” ou usar o dinheiro guardado não precisa ser algo feito só porque é época festiva.
A criança pode ganhar a opção de escolher se ela própria quer comprar um presente a mais para ela ou escolher se prefere guardar para outra meta ou até se quer doar este dinheiro para ajudar nessa época do ano.
“Essas opções trazem uma sensação de autonomia para os pequenos e um aprendizado sobre o papel que o dinheiro pode ter, dependendo de como escolhemos usá-lo” diz Malu.
Para Malu, incluir a educação financeira no dia a dia passa justamente por momentos simples como esse.
“Comprar algo desejado, comparar preços ou decidir esperar mais um pouco antes de gastar o que ganhou são situações reais que ensinam muito mais do que conselhos dados de vez em quando que nunca são mostrados como podem se aplicar na realidade”, completa.
Por fim, ela reforça que o objetivo não é deixar a criança centrada ou só pensando em dinheiro mas sim “mostrar que nessa história da vida, onde cada criança e jovem precisa ser o protagonista de sua própria, o dinheiro pode se mostrar um ótimo ajudante se aprendemos como utilizá-lo desde já”, diz, em conclusão.
