Serviço municipal de Diadema voltado para travestis e transexuais disponibiliza cuidado médico ambulatorial e pré e pós-operatório e acolhimento em enfermagem, psicologia, psiquiatria e serviço social
Com o objetivo de divulgar o trabalho desenvolvido em quase dois anos de funcionamento do Ambulatório DiaTrans de Diadema, a equipe do serviço promoveu rodas de conversas sobre sexualidade e prevenção, mini palestras e distribuiu insumos e material informativo no 13º Grito da Diversidade, no domingo (09.07)
Para o médico infectologista do serviço, Maiky Prata, o evento, em primeiro lugar, superou todas as expectativas.
“Do ponto de vista de ação de saúde pública, foi ótimo. Falamos de prevenção combinada, uso de preservativo, uso de lubrificante como prevenção, entrega de autoteste de HIV e conseguimos divulgar as profilaxias Pré e Pós Exposição (PrEP e PEP). Enfim, informamos as ações de prevenção realizadas pelo município”, afirmou, em resumo, o médico.
Ele ainda ressalta, além disso, que eventos como esse são importantes para divulgar as ações e o atendimento especializado do serviço.
Insumos e informes
A equipe do Centro de Referência (CR) IST/AIDS também distribuiu insumos e material informativo.
Ao todo, foram 7 mil preservativos masculinos e 100 femininos, 600 géis lubrificantes, 80 autotestes de HIV, 300 folders e 20 camisetas.
“Evento como o Grito da Diversidade, referente ao mês do orgulho, é fundamental, uma ferramenta essencial para trazer visibilidade e promover questões sociais e direitos da população LGBTQIA+ e conscientizar as pessoas contra LGBTfobia, sendo assim podemos ter uma Diadema, diversa e plural nas suas representações”, ressalta, da mesma forma, o coordenador do CR Diadema, Alexandre Yamaçake.
Prevenção
“Hoje, no Brasil, falamos sobre uma mandala de prevenção com várias formas visando biologia, comportamento social e cultural de cada paciente, respeitando a individualidade de todos”, lembra o médico Infectologista no Centro de Referência e Treinamento de São Paulo, Mateus Ettori Cardoso.
O médico ressalta que o acolhimento e o respeito aos direitos são fundamentais para que o cuidado integral com a saúde seja uma realidade.
“Muita gente não realiza testagem por medo de preconceito e muita gente desiste de procurar o serviço de saúde pelo tratamento recebido”, afirma, por exemplo.
Para Prata, as barreiras de acesso e as dificuldades sociais aumentam a vulnerabilidade dessas pessoas às infecções e o aumento dessa vulnerabilidade é um complicador na procura pelo atendimento de saúde.
“O Ambulatório DiaTrans está rompendo um dos maiores problemas da população de travestis e transexuais que se trata da barreira de acesso à saúde. Aqui, nós conseguimos garantir acesso a todos com demandas espontâneas ou encaminhados, seja das Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou das especialidades”, ressalta.
“Chegou ao ambulatório, gente que não tinha se vacinado contra a covid-19, porque ia ao posto, recebia olhares diferentes e voltava para trás. Sabemos o impacto que a pandemia teve na população. Então, essa população fica mais vulnerável e estigmatizada em razão do preconceito ainda presente na sociedade”, avalia.
No município, as equipes dos serviços de saúde passaram por formação para melhorar o acolhimento e o atendimento.
DiaTrans
O serviço especializado disponibiliza atendimento de saúde à travestis e transexuais, acolhimento médico e em enfermagem, psicologia, psiquiatria e serviço social.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) desenvolveu, da mesma forma, um fluxo de trabalho que prevê cuidados específicos desde a chegada ao serviço, passando pelo acolhimento, consultas médicas e de outras categoriais profissionais, respeitando as necessidades e especificidades de cada indivíduo para atendimento integral, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida desse usuário.
Atualmente, o DiaTrans atende 276 usuários, sendo 129 homens trans, 121 mulheres trans e nove travestis.
Pesquisa
O Ambulatório DiaTrans ainda possui, por exemplo, parceria com o Centro de Pesquisa do Hospital das Clínicas (HC) e está selecionando pessoas para participar de pesquisa sobre administração da profilaxia Pré Exposição (PrEp) injetável a cada seis meses.
No SUS, a medicação é disponibilizada via oral para administração diária. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou medicamento semelhante para administração injetável por até dois meses.
Serviço:
Ambulatório DiaTrans de Diadema
Avenida Antônio Piranga, 700 – 2º andar – Centro.
Tel.: (11) 4043-8093
E-mail: diatrans@diadema.sp.gov.br
Funcionamento, em conclusão, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
